terça-feira, 17 de setembro de 2013

Comportamento - Inclusão Escolar para Cegos

Foto: INCLUSÃOFeche os olhos. Como seria ir à escola assim, de olhos fechados? Esse é o desafio de cerca de 70 mil alunos no Brasil, segundo dados no Inep/MEC. Mas, por incrível que possa parecer para quem enxerga bem, as crianças cegas ou com diferentes graus de deficiência visual costumam se sair bem na sala de aula - e podem sair do Ensino Médio prontas para o exercício de uma profissão.
 


"O primeiro impacto de ter um aluno cego em classe pode ser difícil, pois exige uma adaptação por parte dos professores e colegas. Mas, em 90% dos casos, a criança acaba frequentando as aulas tranquilamente, sem a necessidade de um assessor para ajudá-la", pondera Shirley Monteiro Maciel, pedagoga especializada em deficiência visual que trabalha nas cidades de Mauá e Santo André, na grande São Paulo.
 


Com a ajuda da profissional, traçamos algumas diretrizes básicas para que a inclusão de alunos com deficiência visual seja melhor compreendida e facilitada.
 
 
1. A deficiência visual
            
Existem diversos graus de deficiência visual; considera-se que alunos cegos ou com baixa visão sejam beneficiados pela inclusão na escola regular, desde que esta se adapte quanto às suas necessidades. A cegueira completa, em geral, é de origem congênita; as outras deficiências podem ter causas diversas. Os cegos aprenderão a ler e a escrever em braile.
 
 
2. Materiais especiais
             
O aluno cego ou com baixa visão precisa, necessariamente, de materiais especiais que permitam o seu aprendizado, como livros e exercícios em braile e a máquina de braile para que ele possa escrever - ou em fonte Arial 24 e cadernos com pautas largas, caso a criança apresente baixa visão. As provas também têm de ser adaptadas. A escola, portanto, deve providenciar esses materiais e, se preciso, pedir ajuda ao governo (municipal, estadual ou federal) para isso.
 
 
3. Acompanhante na escola
Dependendo do caso, o aluno pode ou não precisar de um acompanhante em sala de aula, que leia para ele os enunciados das tarefas e preste outros auxílios a fim de facilitar o seu aprendizado. "Cognitivamente, a criança com deficiência visual aprende no mesmo ritmo dos colegas", ressalta a pedagoga Shirley Monteiro Maciel.
 
4. Sala de recursos
             
O esperado é que o aluno com deficiência visual passe cerca de 10 horas semanais na sala de recursos de sua escola. Trata-se de um espaço com materiais especiais e profissionais especializados, onde ele possa resolver dúvidas e receber estímulos específicos.
 
Essas atividades são feitas no contraturno do horário de aula - ou seja, se o aluno vai às aulas regulares pela manhã, ficará na sala de recursos à tarde, e vice-versa. "Ali, há livros ampliados e em braile e lupas modernas, que os ajudam na leitura de textos", destaca a pedagoga Shirley, que faz formação de professores para a sala de recursos.
 
Idealmente, todas as escolas deveriam dispor dessa ferramenta, mas, como sabemos que essa não é a realidade em nosso país, pais de crianças com deficiência visual devem, se possível, procurar instituições paramentadas com uma boa sala de recursos.



5. Solidariedade em sala de aula
Ter um amiguinho cego ou com dificuldade para enxergar obriga os colegas de classe a ficarem mais quietos - afinal, eles sabem que escutar é essencial para ele. "Ao contrário do que se possa imaginar, a criança cega se adapta muito bem à escola e às vezes é até mais levada do que as outras", brinca a pedagoga Shirley.
 
O silêncio em sala de aula acaba sendo um ganho para todos, e também a colaboração: é comum que se faça um revezamento entre colegas para ajudar o coleguinha com deficiência visual; cada dia ou em cada aula, um amigo lê para ele. Além de esse recurso estimular o aprendizado de todos, a solidariedade é trabalhada no dia a dia


 
Alunos com deficiência visual também se saem muito bem na escola!

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