sábado, 25 de março de 2017

3 coisas sobre a fala das crianças

fala; menina; telefone (Foto: Thinkstock)
Quais são os problemas de fala mais comuns e quando aparecem?
O primeiro que pode surgir é o atraso no início da fala, que é percebido quando a criança articula pouco ou quase nada aos 2 anos, idade em que deveria conseguir se comunicar com frases simples, como “me dá.” Se isso não acontece, é preciso marcar uma consulta com o fonoaudiólogo. Aos 3, acontecem as trocas de fonemas, mas isso não é necessariamente um problema. Vai depender da substituição que ele faz e da etapa em que isso acontece. Por exemplo, nessa idade é comum a criança “comer” o R (em vez de falar preto, dizer “peto”), e nem por isso é preciso procurar um especialista. De 2 a 4 anos, seu filho pode começar a repetir as palavras ou as sílabas, caso conhecido, na linguagem médica, de disfluência fisiológica. Diferentemente da gagueira (um distúrbio neurobiológico, que tem início por volta dos 5 anos e que exige tratamento especializado), essa disfluência dura cerca de seis a dez semanas e acontece porque os pensamentos da criança são mais rápidos do que a capacidade de falar, causando a repetição. E você pode ajudar. Ouça seu filho com calma e paciência, sem chamar a atenção para esse comportamento ou pedir para ele falar mais devagar – isso só vai fazê-lo se sentir inadequado. Lembre-se de que até os 5, a criança deve falar todos os sons corretamente – essa regra não vale para prematuros que, em geral, têm mais chances de sofrer atrasos no desenvolvimento. Se perceber algo diferente, procure um especialista.
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Que outros fatores podem prejudicar o desenvolvimento da fala?
Problemas auditivos, neurológicos ou respiratórios, e até fatores ambientais, como falta de estímulo. Desses, os de audição são os mais comuns. “A criança que ouve pouco, balbucia pouco. Ou seja, vai ter dificuldade para aprender a falar”, diz Ignês Maia Ribeiro, diretora educacional do Instituto Brasileiro de Fluência (SP). Por isso é importante que o recém-nascido faça o teste de triagem auditiva (teste da orelhinha), gratuito e obrigatório desde 2010. Ele é realizado ainda na maternidade e avalia se o bebê tem alguma dificuldade para ouvir. Já as crianças com deficiência neurológica (inclusive as portadoras de síndromes, como a de Down) precisam de atenção especial: a maioria vai ter atraso no desenvolvimento da linguagem. Outro fator importante é a respiração. As que possuem problemas crônicos, como rinite alérgica, têm mais chances de apresentar alterações na fala pois respiram pela boca. “Isso afeta todo o processo de postura da língua e posicionamento dos dentes, o que colabora para as alterações aparecerem”, afirma Cássia Telles, fonoaudióloga do Hospital Pequeno Príncipe (PR).

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Uma vez que a dificuldade foi constatada, devo ir logo ao especialista?

Sim. É importante que o fonoaudiólogo faça uma avaliação rapidamente. Mas diagnosticar o problema, em alguns casos, não significa que o tratamento vai ser iniciado naquele momento. “Quando a criança vai para a escola, é exposta ao ambiente social e percebe que sua fala está errada. Muitas vezes, essa é a hora mais adequada de interferir, pois ela fica consciente do problema e disposta a mudar o quanto antes”, diz Cássia. Ainda assim, vale dizer que somente um especialista saberá a hora certa de começar o tratamento.

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Fonte:http://revistacrescer.globo.com/Encontros-CRESCER-com-Dra-Ana/2014/noticia/2014/05/3-coisas-sobre-fala-das-criancas.html

domingo, 19 de março de 2017

21 de março: Dia Internacional da Síndrome de Down


Dentre os 365 dias do ano, o “21/03” foi inteligentemente escolhido porque a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo “21”, que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome, aparece com “3” exemplares (trissomia). A ideia surgiu na Down Syndrome Internacional, na pessoa do geneticista da Universidade de Genebra, Stylianos E. Antonorakis, e foi referendada pela Organização das Nações Unidas em seu calendário oficial.
Mais interessante ainda que a origem da data, é a sua razão de existir. Afinal, por que comemorar uma síndrome?!
Oficialmente estabelecida em 2006 e amplamente divulgada, essa data tem por finalidade dar visibilidade ao tema, reduzindo a origem do preconceito, que é a falta de informação correta. Em outras palavras, combater o “mito” que teima em transformar uma diferença num rótulo, numa sociedade cada vez mais sem tempo, sensibilidade ou paciência para o “diferente”.
A Síndrome de Down foi descoberta em 1862 pelo médico britânico John Langdon Down (que bem podia chamar-se John Up, pra colaborar…!), e apesar de ainda estarmos em situação muito distante da ideal, nesse intervalo de 153 anos muitos foram os avanços no âmbito da ciência e da sociedade, de forma especial nas últimas três décadas. Basta você observar com os casos da síndrome aparentemente “aumentaram”. Mas não. É que antigamente as crianças ou adultos com a síndrome pouco saíam de casa, infelizmente…. 
Por falar nisso, essa participação social é uma das questões que a celebração dessa data, já em sua 10ª edição, visa destacar: a Síndrome de Down não é uma doença, e não impede, de maneira nenhuma, que o indivíduo tenha uma vida social normal (se é que esse termo ainda faz algum sentido). E, nessa questão, já se emenda uma outra, igualmente importante: a inclusão. Felizmente, hoje em dia, isso é lei, mas muitas pessoas ainda desconhecem: criança com Síndrome de Down (ou qualquer outra dificuldade de aprendizado) tem que ser matriculada em escola regular. Isso mesmo, junto com todas as outras crianças. Essa convivência é extremamente saudável para todos, e a conduta mais eficiente para o aprendizado pedagógico – que se torna um pouco mais demorado devido àquele terceiro cromossomo, mas acontece.
Essa data visa chamar a atenção especialmente das pessoas pouco informadas sobre as capacidades das pessoas com a Síndrome de Down. Elas possuem tantas outras características quanto os demais seres humanos, ou seja, a síndrome não as define. É muito importante que todos saibam (outra tarefa do 21/03) que cada pessoa com síndrome de Down também tem gostos específicos, personalidade própria e individual, habilidades e vocações distintas entre si. Portanto, devem ser evitados os “rótulos” provocados por expressões do tipo “Ah, como ‘os Downs” são carinhosos!” ou “Eles são todos tão teimosos, não?!”… Em respeito à individualidade de qualquer ser humano, esse tipo de generalização não deve ser aplicada a nenhum grupo, nem a este, por melhor que seja a intenção de quem o faz.
Obviamente o diagnóstico genético carrega consigo algumas especificidades, como, por exemplo, a cardiopatia (problemas no coração), presente em aproximadamente 50% dos casos; às vezes problemas de audição e/ou visão; atraso no desenvolvimento intelectual e da fala, dentre alguns outros. Mas são questões pontuais e de saúde, a serem detectadas e tratadas medica e terapeuticamente, de maneira que não definem qualquer prognóstico, ou seja, ninguém jamais pode prever até onde pode chegar o desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down – assim como das demais pessoas. Elas devem ser estimuladas a terem sonhos e projetos, crescerem, estudarem e trabalharem como qualquer ser humano, e têm todo o direito de lutar pela sua total autonomia, sem que sua condição genética represente qualquer tipo de barreira. Ou existe alguém que não possui limitações?!
Na verdade, toda convivência saudável entre amigos e familiares, colegas e sociedade, de maneira atenta a todo tipo de diversidade, é sempre muito enriquecedora. O mesmo acontece quando você tem a oportunidade de conviver com uma pessoa com a Síndrome de Down. Olhe para ela, e não para a síndrome, e você vai descobrir um ser humano tão incrível quanto você.
Por Luciana Bettiol, Ativadora da Rede do Movimento Down
Fonte: http://www.movimentodown.org.br/2015/03/21-de-marco-dia-internacional-da-sindrome-de-down/



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domingo, 12 de março de 2017

Ansiedade: 1 em cada 8 crianças sofre com o problema

Um choro inconsolável quando o pai ou a mãe saem para o trabalho (afinal, será que vão voltar?). Nervos à flor da pele dias antes de se apresentar em público na escola. Mãos suadas ao sair de casa para tomar vacina... O que essas cenas ilustrativas – que podem estar acontecendo aí na sua casa – têm em comum? A ansiedade. Segundo a Associação Americana de Ansiedade e Depressão, uma em cada oito crianças apresenta algum distúrbio desse tipo, desde quadros mais leves até patológicos. E, para os especialistas, esse número tende a aumentar, por causa da rotina atribulada e cheia de cobranças da vida moderna. É fato que há um componente genético que torna algumas crianças mais sensíveis que outras. Mas o ambiente e a criação têm um peso igual ou mais importante.

Para a psiquiatra infantil Ana Cristina Mageste, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), esse quadro surge a partir de “uma falta de recurso para enfrentar as adversidades, o que causa muito sofrimento”. E como as crianças ainda estão construindo seu repertório para lidar com situações de estresse e provações, elas podem ser especialmente vulneráveis a seus efeitos. É por esse motivo que até a espera por algo bom, como Natal ou aniversário, pode se transformar em uma verdadeira tortura e deixar seu filho desestabilizado e inquieto.
Assim como o medo, a ansiedade –que pode surgir em qualquer idade e momento – está ligada à sobrevivência do ser humano. Frente a uma situação de estresse, o sistema límbico, região cerebral que comanda todas as nossas emoções e comportamentos sociais, envia um sinal para o sistema nervoso central. Assim, o corpo inteiro fica em estado de alerta: os batimentos cardíacos aceleram, os músculos tensionam, as mãos transpiram. É o organismo respondendo à iminência de um perigo, seja ele real ou hipotético.
Gustavo*, 8 anos, sofre justamente com essa angústia quando está esperando por algo bacana, seja uma visita à casa das primas ou uma excursão com a escola. Nesses casos, ele mesmo já avisa para a mãe, Flávia*, especialista em marketing: “Ai, mamãe, já estou com dor de barriga agora que sei que vou passear!”. Segundo ela, o alerta de que o filho era ansioso surgiu com a observação de sinais típicos: “De modo geral, ele é uma criança muito feliz e ativa, mas começou a se dispersar demais no colégio. Também notei que estava com dificuldade de ter um sono contínuo e começou a cutucar demais as unhas”, conta ela. Além desses sintomas, dores de cabeça e no corpo sem motivo aparente, queixas frequentes de cansaço e falta de ânimo para ir à escola também indicam que algo não vai bem.

QUANDO PASSA DO LIMITE



Em geral, o indicado como tratamento é a terapia cognitivo-comportamental, que ensina a lidar com os sentimentos de forma mais equilibrada. A ideia é lentamente expor a criança a situações que a desestabilizam e, conforme ela adquire segurança para lidar com o que sente, passa a novos desafios. Essa foi a solução encontrada por Flávia para ajudar o filho, combinada à homeopatia.
É verdade que, em uma dose saudável, a ansiedade pode ajudar a se preparar melhor para uma situação crítica. Ficar ansioso por causa de uma prova é um bom motivo para estudar mais. Mas nem sempre é assim. “Às vezes, a sensação é tão intensa e causa tanto mal-estar que a pessoa fica paralisada e não consegue agir”, diz o psiquiatra Fernando Asbahr, coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (SP). A partir desse ponto, ela pode se tornar um problema.
Não existe exame clínico capaz de detectar um nível de ansiedade considerado acima do normal. “Ela pode se tornar patológica dependendo da dose. Quem sofre com fobias, por exemplo, tem a sensação de que está correndo um grande perigo. É a criança que não entra no elevador de forma alguma por ter medo de que vai cair”, diz Asbahr. Por isso, cabe aos pais ficarem atentos: se os sintomas passam a atrapalhar a qualidade de vida da criança, se são persistentes (prolongando-se por dois ou três meses) e se alteram o comportamento dela, procure um especialista. Outro alerta é quando ela passa a ter dificuldades no ambiente a que está acostumada: apresenta problemas em lidar com outras crianças na escola ou piora do relacionamento em casa.  “Atualmente, a prevalência de ansiedade patológica nas crianças que sofrem do transtorno é em torno de 28%”, diz a psiquiatra. É comum que crianças ansiosas apresentem outras doenças associadas, como depressão e Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), que é o caso mais comum. Cerca de 30% das crianças que sofrem com esse transtorno também manifestam ansiedade. Por isso, vale investigar.
Ansiedade (Foto: Joel sorrel/getty images)




Só que, para conseguir lidar com a ansiedade, é essencial que a criança se sinta acolhida pelos pais. “É importante ajudá-la a reconhecer seus medos e mostrar que eles são aceitáveis. Sentimentos são sempre legítimos porque não são controlados”, diz o pediatra Daniel Becker, autor do blog Pediatria Integral. Por isso, não minimize o sofrimento do seu filho e encoraje-o a superar os motivos de sua aflição sem forçá-lo a nada. Diga que você entende por que ele está com medo, que também já se sentiu assim.
Só não caia na armadilha de tentar evitar que a criança enfrente o que lhe causa ansiedade, passando a fazer tudo por ela ou mudar o curso das situações. A família toda não pode subir de escada porque a criança tem medo de elevador. “A ideia não é poupá-la de situações reais, que cedo ou tarde terá de lidar. E, sim, fazê-la se sentir segura e amparada”, explica Becker. Aqui, não há outro caminho: é preciso ter carinho, paciência, empatia e entender que algo que você tira de letra pode, sim, ser motivo de grande angústia para ela. O melhor para que o seu filho enfrente os desafios é ter você ao lado dele.

PRECISA DE REMÉDIO? 

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Uma das grandes preocupações em relação ao diagnóstico de ansiedade é a medicalização do problema. Um estudo realizado entre 2005 e 2012, publicado no periódico Neuropsychopharmacology, mostrou que a prescrição de antidepressivos para crianças e jovens aumentou 54% no Reino Unido. Até a própria Organização Mundial da Saúde já manifestou preocupação com o consumo de medicamentos sem necessidade para menores de 18 anos. É verdade que, em alguns casos, quando há outras doenças associadas, como depressão e TDAH, ou quando o próprio distúrbio já é considerado severo, é difícil que a criança esteja em condições de seguir o tratamento terapêutico. “Se ela estiver muito deprimida, apática, não vai conseguir ser capaz de se expor a situações que a afligem, nem trabalhá--las”, diz Asbarh. Nesses casos, pode ser necessário que sejam prescritos medicamentos. Os mais comuns são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, um neurotransmissor responsável pelo “estado de vigília” do cérebro. O principal problema, no entanto, é que as crianças apenas controlem os sintomas com os medicamentos, sem aprenderem as estratégias necessárias para lidar com as situações que levam à ansiedade. Por isso, a terapia, com ou sem medicação, é indispensável ao tratamento.

Ansiedade (Foto: Rozikassim/Getty Images)

O QUE PIORA...

Vida moderna — As crianças acumulam mil atividades além da escola. Não sobra tempo para o ócio, para o livre brincar nem para  a convivência familiar.
Confinamento — Saír pouco para a vida pública, praias e parques. A falta de convívio com a natureza, que funciona como calmante, também altera as emoções e aumenta o estresse.
Conteudismo — A escola que não leva em conta os talentos individuais das crianças, que se sacrificam para alcançar um padrão que nem sempre tem a ver com o seu perfil. Há pouca adaptabilidade e capacidade de acolhimento dos alunos.

Ansiedade (Foto: Klubov/Getty Images)

O QUE AJUDA...


Fazer exercícios — Eles aumentam os neurotransmissores, principalmente a endorfina, que traz sensação de bem-estar. Jogos com bola e lutas são ótimas opções.
Ter um cachorro — Um estudo da Universidade de Oklahoma (EUA) feito com 643 crianças descobriu que ter um cão de estimação diminui a probabilidade de desenvolver altos níveis de ansiedade. Estudos anteriores já haviam mostrado que, quem tem cachorro, apresenta menos cortisol, o hormônio do estresse.
Meditar — Pesquisas mostram que a ioga é capaz não só de baixar os níveis de ansiedade de adultos e crianças, mas também de melhorar os sintomas do TDAH, como impulsividade, falta de atenção e hiperatividade. Namastê!

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2016/12/ansiedade-1-em-cada-8-criancas-sofre-com-o-problema.html (adaptado)