terça-feira, 9 de setembro de 2014

Alfabetização: placas novas para o hortifruti do bairro

Com um projeto simples e criativo, a sala inteira aprendeu a ler e escrever.  A professora Elisangela Carolina Luciano, professora do 1º ano da EMEF Adirce Cenedeze Caveanha, São Paulo, orientou a elaboração de placas para o hortifruti do bairro. Vamos conferir?
 
Antes de começar a elaboração das placas, Elisangela conversou com a criançada sobre a necessidade de os pais autorizarem cada um a visitar o hortifruti. A turma se organizou para produzir um documento que deveria ser preenchido e assinado por eles. Primeiro, a educadora disponibilizou modelos para que todos se familiarizassem com o gênero.
 
Depois, fazendo as vezes de escriba, redigiu o texto ditado pelos alunos que, por sua vez, acompanharam a digitação graças ao uso do Datashow, que projetava a tela do computador em uma das paredes da sala. Desse modo, a revisão coletiva também pôde ser realizada. "Fizemos uma produção oral com destino escrito. O texto foi aprimorado aos poucos. Alguns alunos notaram a presença de palavras repetidas, que tinham de ser eliminadas", conta.


 Vencida a etapa das autorizações, todos foram visitar o estabelecimento comercial. Munidos de prancheta, papel, lápis e borracha, tinham a missão de listar os alimentos à venda. Elisangela não direcionou o jeito de fazer: alguns fizeram cópia das placas disponíveis nas bancas, outros optaram por escrever por conta própria, colocando em cena suas hipóteses.


 De volta à escola, Elisangela apresentou fotos de materiais usados no comércio para que fossem definidos os dados que constariam nos produzidos por eles. Ficou combinado que as placas teriam a foto e o nome do alimento, informações nutricionais, a unidade de medida (como quilo ou dúzia), espaço para o preço e o nome dos autores. "Também elaboramos, em grupo, a lista dos alimentos com base nas anotações feitas no hortifrúti e orientei uma pesquisa sobre as propriedades deles em textos informativos. Com os resultados em mãos, criamos as frases oralmente, todos juntos", diz Elisangela.
 
  


 Para seguir adiante, em várias aulas, os estudantes, organizados em pares de acordo com as hipóteses de escrita, ganharam a incumbência de registrar as frases, recorrendo ao que já sabiam e conversando com o colega (leia na galeria algumas produções). Marisa Garcia, supervisora acadêmica do Programa Ler e Escrever/Bolsa Alfabetização, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, diz que essa etapa requer muito planejamento. "Além de pensar em como formar duplas produtivas, o educador tem de levar em conta se vai ou não determinar o aluno que ficará com o lápis na mão, responsável por registrar o que o colega disser, e se preparar para as intervenções que terá de fazer enquanto as crianças trabalham."
 


 Assim que todos terminaram de escrever, a educadora escolheu algumas produções e organizou uma revisão coletiva acompanhada pela classe toda com o DataShow. "A dupla escolhida digitava a frase no computador que levei para a sala de aula e eu perguntava se alguém queria fazer alguma modificação. A classe debatia e fazia sugestões para melhorar o registro. Por exemplo, dar espaço entre as palavras", diz Elisangela. Caso alguns problemas permanecessem, ela chamava a atenção para a marcação em vermelho produzida pelo corretor ortográfico e a meninada refletia e fazia as mudanças. Marisa destaca a relevância de garantir o processo de revisão: "Alguns educadores se restringem a atividades de escrita imaginando que se as crianças ainda não escrevem convencionalmente não faz sentido revisar. Ao contrário! É revendo o material e discutindo sobre ele que elas avançam".


Após revisões sucessivas feitas por cada dupla no laboratório de informática, a versão final das placas começou a ser feita. "As crianças pesquisaram imagens para juntar à frase que explicava as propriedades nutricionais. Elas digitaram também o nome dos autores", explica Elisangela. O preço, item fundamental, não ficou de fora da conversa sobre a arte final. "A classe decidiu deixar um espaço para escrever os valores", conta a educadora. Depois de impresso, o material foi plastificado. Assim, os números poderiam ser escritos com pincel atômico e apagados com um pano embebido em álcool. Material pronto, a criançada voltou ao hortifrúti e entregou tudo nas mãos do proprietário.
 

 
Além das placas, outros textos e livros

Em paralelo ao projeto, Elisangela garantiu uma rotina de produção de textos. Entre outras atividades, os alunos se reuniam de segunda à quinta- -feira para escolher a brincadeira que queriam para a sexta-feira e tinham de explicar tudo por escrito. A leitura de textos literários também foi contemplada. Ora ela lia em voz alta para a classe, ora um estudante levava um título para casa, analisava e depois apresentava a obra para os colegas e fazia a leitura em voz alta. "Elisangela uniu o projeto a atividades permanentes que ajudaram a turma a aprender mais", diz Beatriz.
 
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Crédito: Revista Nova Escola

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