quarta-feira, 29 de maio de 2013

O lado B da lição de casa

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"Tem lição?", perguntam pais e mães assim que encontram seus filhos após o horário escolar. "Tem", responde o filho, para satisfação da maioria dos pais, que acreditam nos benefícios da lição de casa. No entanto, esta mesma "mocinha" do aprendizado escolar pode ser assumir o papel de vilã, segundo especialistas.


"O grande problema é que a lição de casa, por fazer parte da rotina escolar há tanto tempo, tornou-se algo inquestionável e tem sido muito pouco pensada e discutida", diz Heloisa Padilha, educadora e psicopedagoga. Isso, segundo ela, não permitiu que esta prática fosse analisada no contexto atual, com novas tecnologias, mudança nas rotinas e estruturas familiares, etc.


 Os críticos apontam que a lição de casa, tal como é trabalhada na maioria das escolas, é pensada considerando um aluno ideal, que encontrará em casa as mais perfeitas condições para realizar as atividades propostas. "Existem crianças que vivem em uma casa onde moram outras famílias num espaço de quarto e cozinha. Não tem nenhuma mesa disponível para fazer a lição e isso não é levado em conta pelos professores", diz Fátima Regina Pires de Assis, professora do curso de Psicologia da PUC-SP.


 Veja por quais "crimes potenciais" a lição de casa pode ser acusada:
 
 
Brigas, ameaças, castigos. Não é incomum que a hora da lição de casa seja fonte de conflito entre pais e filhos: a criança se recusa a fazer ou demora para começar ou enrola para terminar, comete erros bobos ou não faz com o capricho esperado pelo pai. "A maioria dos pais não sabe como lidar com este momento, alguns até partem para uma violência verbal ou física e tornam algo que seria positivo, o tempo passado junto com o filho, em algo extremamente negativo", afirma Rose Mary Guimarães Rodrigues, professora do curso de Pedagogia da Unitri (Centro Universitário do Triângulo).
 
 
 
Ninguém fica realmente entusiasmado diante de uma lista enorme e repetitiva de expressões matemáticas para resolver. Lições de casa mal planejadas, sem razões claras para terem sido passadas acabam tornando estudar algo chato e sem sentindo.
 
 
 
Um aluno pode ser muito esforçado e interessado, mas não contar com uma organização doméstica favorável. "Uma criança que more em uma casa sem rotina, onde a lição não é valorizada e cada dia acontece uma coisa que o impede de fazer sua tarefa, na sala de aula será criticada, perderá pontos de avaliação ou, no mínimo, não terá o mesmo reconhecimento daquele colega que entregou a lição limpinha, bem feita e no prazo. Neste caso, a lição será mais um elemento de marginalização", descreve Fátima Regina Pires de Assis, professora do curso de Psicologia da PUC-SP.
 
 
Se a criança começa a perceber de forma recorrente que a lição é chata ou sem sentido, a mãe briga quando ela erra um exercício, a professora tira ponto da nota se não entregar (mesmo que não seja sua culpa dela o fato de não ter feito os exercícios), sua saída natural será dar um "jeitinho". Inventar mentiras para justificar não ter entregado a tarefa, copiar as respostas de um colega ou do que achar na internet, "perder" as folhas de exercícios, simular mal estar, etc...
 
 
 
Um professor pede um trabalho, outro passa uma lista de exercícios enorme e ainda há o livro para ser lido. Um volume descontrolado de tarefas, passado sem considerar a realidade vivida pela criança pode significar que as tarefas serão feitas em horários ou locais inadequados ou no único momento que a criança teria para uma atividade de lazer ou descontração.
 
 

Pais e educadores precisam ficar atentos para que o dever de casa não se torne um problema!
 
 

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