A fonoaudióloga doutora Maíra Botta Riani Costa, formada pela Universidade de São Paulo (USP), destacou esta semana os procedimentos corretos para que as crianças tenham uma boa dicção e como os pais podem diagnosticar alguma anomalia.
Segundo ela, as crianças passam por um aprendizado dos sons da língua intenso ao longo da sua primeira infância (até os 4 anos de idade) e, nessa fase de descoberta, podem acontecer muitas alterações na fala por ser o primeiro contato da criança com as palavras. "Nesse período falar errado é comum, faz parte da infância, mas após essa idade a criança pode estar com problemas", informa.
Os problemas mais comuns são: fala ininteligível (ninguém entende o a criança fala, exceto a família), substituições persistentes na fala de natureza auditiva (carfo para garfo, fiolão para violão, entre outros.), omissões articulatórias (sovete para sorvete, entre outros) e trocas de R por L.
"Esses problemas fazem parte da primeira infância e se persistirem, após o quarto ano de idade, isso passa de fase de aprendizagem e adaptação com a língua para um problema de fala", observa Maíra. "O desvio articulatório (língua presa) não é um caminho de aprendizagem da fala, constatado o problema, os pais devem buscar tratamento para sanar o problema", completa.
A fonoaudióloga afirma que os pais ou responsáveis pela criança devem estar atentos a estes problemas em casa e na escola, desenvolvendo medidas preventivas desde o nascimento da criança, evitando assim o aparecimento de dificuldades de aprendizagem e patologias fonoaudiológicas.
"De início devem ouvir tudo o que a criança fala, percebendo algum problema, podem fazer um trabalho de pronuncia e repetição das palavras corretas, devendo evitar palavras no diminutivo, pois isso complica a palavra e a criança terá dificuldades na pronuncia. Se após o estímulo a criança persistir com o problema, é hora de buscar tratamento", orienta.
Após os cinco anos de idade as crianças iniciam o processo de alfabetização e se tiverem problemas na fala também terão problemas na escrita como: dificuldades de estruturação de texto, ortografia, e leitura (compreensão e decodificação). Isso se torna prejudicial, pois é uma das fases mais importantes da vida.
Maxwell Ramos Pires, 36 anos decidiu procurar o tratamento fonoaudiólogo para seu filho Jeremias Bernardo de 6 anos, pois percebeu que o filho era muito calado e não sabia pronunciar muitas palavras. De início, a família achou que Jeremias era apenas tímido, mas constatou-se que o problema estava na fala, pois a criança quase não falava e, nesta idade, as crianças já pronunciam praticamente tudo. Há oito meses Jeremias está em tratamento e seu pai afirma que a melhora é muito grande no seu desenvolvimento escolar e na sua comunicação com a família e amigos.
Em adultos o tratamento fonoaudiólogo não tem a mesma eficácia do que em uma criança, pois o tempo em que ele tem problemas na fala é muito maior do que o tempo da criança. "O tratamento pode ter 100% de eficácia em um adulto sim, porém é muito mais longo do que o tratamento de uma criança", destaca Maíra. Ela diz que não existe um tempo certo para o tratamento, pois cada criança ou adulto tem um processamento de informações diferente do outro.
Saiba quais são os tipos de tratamento
De acordo com Maíra, existem três tipos de tratamentos fonoaudiológicos:
# Preventivo: utilizado em escolas infantis, empresas, entre outros.
# Aprimoramento: utilizado por professores, palestrantes, entre outros.
# Terapêutico: que envolve a correção de fala em crianças e adultos.
Segundo Maíra é muito importante cuidar da voz tomando bastante água e é importante saber a diferença de gritar e falar alto, pois gritar é prejudicial para a voz.
Tabela de aprendizado Por volta dos 4 anos a criança já deve ter adquirido os seguintes fonemas:
(sons) P(papai) T(tatu) K(caiu) D(dado) G(gato) M(miau) N(não) NH (ninho) V(vovó) CH (chão) LH (palha) S(saiu) J, G (joia, gelo, Gil)
Entre 4 e 5 anos a criança já deve ter adquirido os seguintes fonemas:(sons) R(rato) r(carro)
Entre 5 e 6 anos a criança já deve ter adquirido os seguintes fonemas:(sons) r, l, s, n no final (pasta, papel, porta, canto)
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Fonte: Fonoaudióloga doutora Maíra Botta Riani Costa
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