quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os filhos únicos não são mais os mesmos

Por motivos diversos, muitas famílias têm optado por um único filho. E para lidar com essas crianças sem irmãos é preciso deixar o preconceito e os estereótipos de lado e lembrar que um dos papéis do professor é promover a socialização.
 
 
Por Mariana de Viveiros Ilustrações: Shutterstock
 
 
Objetivos:
 
Promover a socialização dos alunos
Ensinar as crianças a dividir
Mostrar que cada pessoa pode ter um tipo diferente de família, mas que todas são importantes
 
 
Se ao saber que uma criança é filha única você logo pensa “xiii, deve ser mimada, egoísta, mandona” ou, pior, acredita na música filho Único, de Cazuza, que diz que “os filhos únicos são seres infelizes”, é hora de rever seus conceitos. Foi-se o tempo em que aquele que não tinha irmãos era visto como o “dono da bola”. Conversamos com uma psicanalista, uma psicopedagoga e duas pedagogas que afirmam que esse estereótipo é mito. “Não podemos generalizar, vai depender da educação que a criança receber dos pais”, diz a psicanalista Andreneide Dantas, da Clínica Escuta Analítica, em São Paulo (SP). Andressa Ruiz, orientadora pedagógica do Colégio Fransciscano Nossa Senhora do Carmo (Franscarmo), de São Paulo (SP), acrescenta: “Não podemos esquecer que uma família pode ter três filhos e mimar um mais do que os outros”.
 
 
Para Patrícia Bissetti, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do 1º ano do Colégio Franciscano Pio XII, também da capital paulista, ser filho único não é um problema: “Egocêntricas todas as crianças pequenas são”, afirma. Já a psicopedagoga Maria Irene Maluf destaca dois motivos que fizeram com que o estereótipo do filho único caísse por terra:
 
 
1. As crianças estão indo cada vez mais cedo para a escola, o que significa que começam a se socializar mais cedo.

2. Hoje, as mães geralmente trabalham e não têm tempo para mimar demais os filhos. E por falar em socialização, todas as especialistas consultadas para esta reportagem concordam que a escola é o lugar ideal para os alunos aprenderem a dividir, a conviver com as diferenças, a trabalhar em equipe, a respeitar o próximo, a seguir regras sociais e a fazer amigos.
 
 
Dica Esperta! Não tenha preconceitos, pois isso dificulta o convívio
Conheça o histórico de cada aluno e tenha um olhar individualizado sobre cada um
Respeite as características de cada criança
Aproveite a experiência familiar de cada aluno - filho único, filho caçula, filho do meio, filho mais velho, filho temporão - nas atividades realizadas em classe
 
 
Lugar de Socializar
A escola há muito tempo deixou de ser apenas o lugar de transmissão de conhecimentos formais. Hoje, é fundamental que ela promova a socialização.
 
Na escola, a criança terá que...
— ... aprender a ouvir os coleguinhas e a esperar a sua vez de falar
— ... compartilhar os brinquedos com os outros alunos
— ... dividir a atenção do professor
 
“No primeiro momento, a criança não vai gostar de dividir [os brinquedos, o lanche, o professor], mas ela precisa aprender que existem limites e que não dá para se ter tudo”, aponta a psicanalista Andreneide. Ela diz ainda que o professor não pode se intimidar com o choro, a recusa e a agressividade da criança.
 
 
“O educador não pode ter medo de exercer o seu papel, que é o de ensinar a dividir, colocar limites e promover a socialização.” Patrícia Bissetti destaca que no começo é comum a criança não querer ir para a escola porque, enquanto em casa ela tem tudo só para ela, na escola essa regra não vale.
 
 
“Temos que conquistar essa criança, mostrando a ela que é gostoso ir à escola e que é importante ter amigos. A escola tem que ter significado para ela, daí a importância dos projetos, jogos e brincadeiras”, explica a coordenadora do Pio XII.
 
Para promover a socialização, a escola pode...
— ... promover lanches coletivos
— ... realizar rodas de conversa
— ... propor brincadeiras e jogos em grupo


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Fonte: Guia Prático da Educação Infantil
 
 
 

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