Você sabe como a memória funciona? Conhece o seu desenvolvimento? Entendendo estes dois pontos, você poderá estar ajudando seus alunos e /ou filhos no processo de aprendizagem. Vamos conferir?
"Somos aquilo que recordamos", conceitua Iván Izquierdo, professor de Neuroquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele dá um exemplo: nenhum texto é compreendido se não se lembra o significado das palavras e a estrutura do idioma utilizado. Tudo isso precisa estar registrado no cérebro para ser resgatado no momento oportuno. A memória, enfatiza Elvira Lima, é a reprodução mental das experiências captadas pelo corpo por meio dos movimentos e dos sentidos. Essas representações são evocadas na hora de executar atividades, tomar decisões e resolver problemas, na escola e na vida.
Mas como se forma a memória? A informação captada transita pelos neurônios, células nervosas semelhantes a árvores sem folhas: os galhos seriam os dentritos; o tronco, o axônio; e as raízes, os terminais pré-sinápticos. Eles criam emaranhados de caminhos que se orientam em diversas direções. Quando os galhos de uma célula se encontram com as raízes de outra, forma-se uma sinapse, local de comunicação entre os neurônios e unidade elementar de armazenamento da memória. Lá acontece a síntese de proteínas, as trocas elétricas e a ativação de genes que provocam o armazenamento da informação. Quanto mais conexões, mais memória. Cada neurônio pode se comunicar com até outros mil. Como o ser humano tem de 10 bilhões a 100 bilhões dessas células, é possível haver até 100 trilhões de conexões sinápticas.
O cérebro é dividido por uma fenda em dois hemisférios, que são segmentados em lobos, regiões demarcadas sem muita nitidez. As informações captadas pela visão, pela audição, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato provocam impulsos elétricos e reações químicas em lobos diferentes e não são guardadas da maneira como foram captadas. Elas são fragmentadas, classificadas e hierarquizadas.
Até os 9 meses, o bebê já tem praticamente a quantidade definitiva de neurônios. Mas são raras as pessoas que se lembram de fatos ocorridos antes dos 4 anos de idade. Nos primeiros anos de vida, os dois hemisférios cerebrais ainda não estão totalmente formados e os feixes de neurônios que fazem a comunicação entre o lado esquerdo e o direito ainda não foram consolidados.
Nem todo mundo se desenvolve exatamente do mesmo jeito, mas pode-se dizer que, em geral, até os 7 anos a memória visual é mais dinâmica - daí por que o desenho deve ser bastante utilizado nessa fase. Se for bem estimulada, por volta dos 9 ou 10 anos a criança começa a usar o raciocínio abstrato - e o material pedagógico deixa de ser tão útil na ativação da memória.
Depois dos 13 ou 14 anos, é hora de aprimorar as habilidades matemáticas e de leitura e escrita, pois elas podem ser resgatadas da memória automaticamente. Nos adolescentes, a informação circula em altíssima velocidade no cérebro - cada hemisfério sabe o que o outro guarda e faz. A maioria dos estudantes é capaz de criar estratégias próprias para armazenar dados, estabelecendo relações com sua vida, suas fantasias e seus conhecimentos prévios.
A memória pode começar a falhar quando o ser humano atinge cerca de 70 anos de idade, mas, geralmente, isso acontece quando ela não é estimulada - ou seja, quando a pessoa não é socialmente ativa e não mantém o hábito da leitura e de outras atividades intelectuais.
Isso não significa, porém, que sejamos capazes de nos lembrar de tudo ao longo da vida. O esquecimento é muito importante, inclusive para lembrarmos. Como? Assim: o esquecimento cotidiano é o descarte, em geral, de algo pouco importante que só serve para sobrecarregar os mecanismos de memorização. É fundamental no processo de aprendizagem, porque deixa o caminho livre para que as informações e conteúdos fundamentais sejam arquivados.
Uma pessoa que conhece os conceitos de presidencialismo e parlamentarismo (importante) provavelmente jamais se lembrará do dia exato em que aprendeu esses conceitos (pouco importante). O cérebro jogou fora detalhes, mas o conhecimento foi arquivado e depois conectado com outras informações correlatas, formando novos arquivos.
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Fonte: Site Educar para Crescer
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