terça-feira, 27 de maio de 2014

Sexualidade Infantil

Além do assunto sempre gerar controvérsias, ele ainda é alvo de polêmicas e discussões entre os profissionais da Educação e os pais. Vamos conferir?
 
por Cássia Ravena
Objetivos:

- Fornecer alternativas para se abordar a sexualidade e promover a orientação sexual das crianças.


Até hoje, educadores e responsáveis acreditam que o tema é muito complexo para ser abordado com alunos e filhos. Entre os pais, existem aqueles que preferem não mencionar o assunto, pois se dizem despreparados para isso. Muitos ainda alegam não saber como responder as perguntas que são feitas pelas crianças. Já entre os educadores também há os que não se julgam preparados para falar sobre sexualidade com os alunos. No entanto, as crianças devem receber orientação sexual tanto da família quanto da escola. Logo, educadores e pais deveriam partir para um trabalho em conjunto, para elucidar as principais dúvidas infantis.
 
 
Dicas para abordar o tema na escola 

A orientação sexual, para se dar de forma natural, deve ser desenvolvida a partir de conversas, brincadeiras e histórias encontradas em livros ou criadas pelos próprios educadores. Eles ainda devem responder às questões colocadas pelos alunos de maneira simples e objetiva, levando em conta a idade das crianças, o grau de maturidade e as necessidades emocionais intrínsecas a elas.
 
 
Dica de leitura!
Tem Gente Nova no Pedaço

O livro de Kes Gray, ilustrado por Sarah Nayler, mostra a mudança na vida de uma menina, até então filha única, quando sua irmãzinha chega e começa a ser bajulada por toda a família. Entre uma série de dúvidas, além de dividir a atenção com a pequena, a menina tem que aprender a lidar com as novas situações que surgem no dia a dia. Como tal realidade é comum a muitas crianças, com a leitura compartilhada dessa pequena obra, elas poderão encontrar muitas respostas para questionamentos difíceis de serem expressos.


Normalmente, se as respostas não satisfazem a curiosidade infantil nem esclarecem as principais dúvidas, perguntas a respeito do tema continuarão sendo feitas com insistência. Contudo, não há necessidade de dar respostas longas nem detalhadas para as crianças das séries iniciais – muito pelo contrário, pois elas não são aconselháveis para a faixa etária delas. De um modo geral, o mais importante é satisfazê-las no momento. Mais tarde, certamente, elas voltarão a fazer novas perguntas, que também deverão ser respondidas de acordo com o que já foi mencionado.


Atividades relacionadas ao assunto

Para turmas do 1º e 2º ano:
como as dúvidas mais comuns nessa faixa etária se referem à maneira como os bebês são feitos e também como crescem na barriga da mãe, a melhor opção é a contação de histórias. O livro A Mamãe Botou um Ovo, de Babette Cole (publicado pela Editora Ática), é excelente para minimizar a curiosidade infantil. Já para ajudar a criançada a compreender a chegada de um novo irmãozinho, histórias como Semente de Gente, de Letícia Wierzchowski (Editora Galerinha), e Vou Ganhar um Irmãozinho, de Kes Gray (Editora Banda Books), entre outros livros do gênero (vide box lateral da pág. 16), são ideais para trabalhar a temática.


Mas, após da contação das histórias, o professor deve prosseguir com comentários e estimular a recontação individual para, em seguida, sugerir aos alunos que façam desenhos sobre o tema. Ainda é possível pedir aos pais que enviem fotos da época da gravidez e do nascimento dos alunos ou de algum irmãozinho – caso a criança tenha – , na intenção de montar um mural com todas as imagens recebidas. O passo seguinte é trabalhar a história de O Patinho Feio, aliado ao tema padrão de beleza na sociedade atual, com o objetivo de promover uma reflexão sobre o porquê de o Patinho Feio ser rejeitado por todos.


Para as turmas do 3º e 4º ano: a conversa deve girar sobre palavras que devem ou não ser utilizadas e comportamentos que devem ser evitados em público. Entre outras coisas, o professor pode anotar os diversos nomes dados aos órgãos sexuais pelas crianças na lousa e depois escrever as palavras corretas que deverão ser usadas no lugar das costumeiras. Ele também já pode falar sobre o que pode ou não ser feito na frente dos demais e ainda salientar o quanto é constrangedor levantar a própria roupa ou a dos colegas durante as brincadeiras.


Em seguida, a dica é exibir o filme Shrek, para promover uma conversa sobre padrões de beleza vigente e, assim, provocar uma reflexão a respeito do tema, a partir do que é abordado na película.
Para as turmas do 5º ano:
após trabalhar a interpretação do livro Borboleta Monarca, de Roberto Muylaert Tinoco (Editora Moderna), peça aos alunos que identifiquem semelhanças e diferenças entre o inseto e o ser humano. Logo após, problematize as seguintes questões:


a) O que fazer com o desejo que emerge?
b) É necessário mobilizar os sentimentos, para colocar à prova valores e relações próprias vivenciadas em grupo?


Na sequência, promova o jogo Verdade ou Consequência. Para tanto, providencie uma garrafa e solicite aos alunos que se sentem em círculo no chão. Coloque a garrafa no meio deles e escolha um para começar a atividade. Faça com que gire a garrafa. Ao parar, ela apontará o gargalo para outra criança, que deverá ser perguntada: verdade ou consequência? Se ela responder "verdade", aquele que estiver diante do fundo da garrafa deverá lhe fazer uma pergunta sobre sexualidade, cuja resposta tem que ser verdadeira, de acordo com o entendimento individual dela. Caso a criança responda "consequência" (o que pode acontecer por várias vezes, devido à timidez de cada uma), ela deverá pagar uma “prenda” (executar uma tarefa) estabelecida por seu opositor.


Em meio à atividade, diante do que é respondido pelos alunos, além de observar o conhecimento de cada um deles, o professor deve elucidar dúvidas, fornecer informações adequadas e ainda promover um debate sobre o que foi mencionado, para fazer com que os alunos cheguem a um consenso real sobre o assunto.


Anote!
Na escola, a sexualidade não deve ser vista apenas como uma das inúmeras funções do organismo (como respiração, digestão, circulação etc.). Apesar da dificuldade de abordar o tema, ele é um dos fatores relevantes para que a criança construa sua própria identidade e se perceba como ser humano.


Preste atenção!
Explique aos pais que, embora muitos não discutam a sexualidade com os filhos, alguns não percebem que, por meio de roupas inadequadas, danças e músicas impróprias, eles também erotizam precocemente as crianças, que acabam se transformando em miniaturas de adultos.


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Fonte: Guia Prático para Professores do Ensino Fundamental I

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