quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Disortografia não é um bicho de sete cabeças!

A disortografia é uma perturbação específica que se caracteriza por erros na escrita. Segundo Vidal (1989), a disortografia pode definir-se como “o conjunto de erros da escrita que afetam a palavra mas não o seu traçado ou grafia.” (citado por Torres e Fernández, 2001, p.76).

As causas deste tipo de dificuldade de aprendizagem poderão estar relacionadas com a aprendizagem incorreta da leitura e da escrita.

Numa fase inicial, observam-se lacunas que poderão aumentar, devido à consequente insegurança para escrever. Estes fatores vão também condicionar a aprendizagem das regras gramaticais e originar erros ortográficos.

A disortografia abrange uma série de erros indicadores, que surgem de forma sistemática ao nível da escrita e da ortografia. Tendo em conta os critérios estabelecidos por Torres e Fernández (2001), estes erros podem ser subdivididos em cinco categorias:



1- Erros de caráter linguístico - perceptivo
- Substituição de fonemas vocálicos ou consonânticos que coincidem no ponto ou modo de articulação (j-z; p-b; t-d).
- Adições
- de sílabas inteiras.
- de palavras.
- de fonemas (cereto em vez de certo).

- Omissões
 - de fonemas (pota em vez de porta, gato em vez de gatos).
 - de sílabas inteiras (car em vez de carta).
 - de palavras.

- Inversões
- de grafemas em sílabas inversas (aldo em vez de lado, preto em vez de perto).
- de sílabas numa palavra.
- de palavras.

2- Erros de Índole viso-espacial
- Substituição de letras semelhantes pelas suas características visuais (“m-n”, “i-j”).
- Confusão de fonemas de dupla grafia (“ch-x”, “s-z”).
- Omissão do grafema “h” por não ter correspondência fonética.
- Confusão em palavras com fonemas com duas grafias, em função das vogais (“g” e o “c”).

3- Erros viso-analíticos
- Dificuldade em fazer a síntese entre grafema e fonema, resultando na troca de sentido.

4- Erros que dizem respeito ao conteúdo 

- Dificuldade na separação de sequências gráficas, pertencentes a uma determinada sequência fónica: união de palavras (acasa em vez de a casa); separação de sílabas em palavras (es tá em vez de está).
             
5- Erros relativos às regras ortográficas
- Transgredir regras de pontuação e regras ortográficas (não colocar “n” antes de “d” e “t”).
- Não iniciar frases com letra maiúscula.
São várias as propostas de tarefas para a reeducação da disortografia. Assim, por exemplo, o aluno pode ter um caderno específico, onde realiza um inventário cacográfico de todos os erros ortográficos que comete, escrevendo sempre ao lado a palavra corrigida.
 Este inventário será um auxílio para atividades, tais como, memorização de palavras, escrita de frases e textos, ditados ortográficos, etc. O aluno poderá ainda soletrar oralmente palavras ouvidas ou lidas, assim como escrever palavras, depois de as analisar letra a letra e sílaba a sílaba.
Estas e outras atividades de reeducação da disortografia deverão ser realizadas regularmente e, se possível, de forma individualizada, até porque as competências aprendidas devem ser treinadas até à sua automatização, isto é, até à sua realização, sem atenção consciente e com o mínimo de esforço e de tempo.

Referências bibliográficas
·         Torres, R.; Fernández, P. (2001). Dislexia, Disortografia e Disgrafia, Lisboa: Mc Graw-Hill de Portugal.

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