quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Problemas na Fala: Causas e Intervenções



Esta semana, a Clínica de Terapias Integradas de Madureira está esclarecendo alguns pontos de  um transtorno da fala que ainda é conhecido pelo seu nome antigo: a dislalia. Com o campo da Linguística, conectada intimamente com a Fonoaudiologia, pesquisas recentes desvendaram a fundo essa dificuldade de aquisição de linguagem da criança. A partir daí, uma nova visão é instaurada e a atenção do diagnóstico volta-se para os critérios de como se adquire os sons da língua para formar o vocabulário.

A  troca do termo dislalia (do grego dys + lalia = distúrbio articulatório) para desvios fonológicos, não é ocasional. Há cerca de 15 anos, essa disfunção era unicamente associada a um problema articulatório (envolvendo músculos e arcada dentária). Porém, descobriu-se que não é necessariamente sempre assim.
Mônica Rocha, professora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, explica que “a disfunção está ligada ao processo de aquisição dos grupos de fonemas. Não se explicaria tão somente pela dificuldade articulatória, mas como as crianças elegem o uso de um determinado som na composição de uma determinada palavra. É muito mais um processo linguístico do que articulatório”.
Os fatores de causa são extensos e variam de acordo com cada criança. Além da competência articulatória, os problemas auditivos, que vão de uma simples otite até os diversos níveis de surdez, não permitem a discriminação correta dos sons o que às vezes faz com que se apreendam os fonemas de maneira distorcida ou incorreta. Isso acontece por que “nós falamos o que escutamos”, salienta Mônica. Crianças com déficits de atenção e atraso no desenvolvimento global podem também estar suscetíveis a sofrerem desvios fonológicos.
– Antigamente, o pensamento era de que a fala errada passava com o tempo. O que acontecia é que as crianças chegavam aos quatro anos com transtornos de expressão verbais bem significativos. Hoje há critérios diferenciados para analisar se a alteração que elas mostram é pertinente com o desenvolvimento delas ou não – esclarece Mônica Rocha.
No desenvolvimento da primeira infância, é natural que a criança troque certos fonemas e fale, por exemplo, “bapo”, ao invés de sapo. Porém, os pais têm que estar sempre atentos desde a emissão das primeiras palavras de seus filhos. Dessa forma, os desvios são detectados e sanados mais cedo. “Se aos dois anos e meio a criança não é capaz de conjugar duas palavras na intenção de uma frase, mesmo que isso esteja longe da estrutura gramatical da Língua, os pais devem ficar alertas. E se aos três anos ela ainda tem dificuldade de expressar-se de maneira satisfatória e clara, e há troca de fonemas, é recomendável a avaliação de um fonoaudiólogo”, aconselha a professora.
Durante a alfabetização, a criança pode ou não levar o seu desvio oral para a grafia. Mônica Rocha alerta que o desvio fonológico não é pré-condição de uma alteração de leitura e escrita, embora não seja aconselhável chegar nessa fase escolar com o padrão de linguagem fora do normal.
A terapia fonoaudiológica é recomendável quando o desvio persiste e está muito fora do padrão linguístico. No tratamento não se realizam somente exercícios articulatórios, mas também a interação da criança com a linguagem, através de cantigas, jogos de rima, brincadeiras lúdicas e educativas. O objetivo principal é que o pequeno paciente tenha a consciência fonológica e a organização vocabular.
Para os pais que desejam um acompanhamento para seus filhos, a Clínica de Terapias Integradas de Madureira conta com profissionais especializados para o tratamento desse desvio.

Cebolinha é um personagem que possui este desvio e pode ser utilizado para trabalhar com os pais nas reuniões escolares e consultórios


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