quarta-feira, 2 de julho de 2014

Dá para educar sem palmadas?

Projeto de lei altera o Estatuto da Criança e do Adolescente e proíbe castigos físicos e humilhantes contra os pequenos - incluindo palmadas, beliscões e apertões.  O Educar para Crescer levantou orientações essenciais para uma educação sem palmada. Reflita!
 
 
Palmadinha educativa, tapa pedagógico ou punição preventiva são alguns dos termos usados por aqueles que recorrem ao castigo físico na educação dos filhos, a fim de justificá-lo. Porém, uma lei aprovada pela Câmara no dia 21 de maio pode levar esses pais a rever os seus métodos, ainda que os associem com amor, proteção e disciplina.
 
 
A Lei da Palmada, como era conhecida, segue agora para o Senado com um novo nome: Lei Menino Bernardo, em homenagem ao garoto Bernardo Boldrini, que foi encontrado morto em Três Passos (RS), em abril.
 
 
Diante desse panorama, muitos pais temem perder a autoridade e o controle sobre a educação dos filhos, por não poderem mais aplicar "uma palmadinha de vez em quando". Mas especialistas alegam não haver, sequer, o menor risco de isso acontecer. É o diálogo que coloca limites. A força física apenas gera medo e o medo faz obedecer, mas não transmite princípios, nem impõe respeito.
 
 
Envolvido com essa questão, o Educar para Crescer levantou orientações essenciais para uma educação sem palmada. Leia e reflita:
 
 
1. Conversar é o melhor método
Muitos pais alegam usar a palmada quando a conversa não surte efeito. Mas especialistas recomendam: é preciso falar, repetir, tornar a repetir e fazer combinados. Sempre fazendo uso de uma linguagem inteligível à criança, de acordo com sua faixa etária.
 
 
2. Entender os comportamentos de cada idade
É preciso desconstruir o mito de que toda criança é um serzinho terrível e impossível de controlar. Muitos pais vivem em estado de alerta com essa ideia, mas, às vezes, trata-se de uma questão de relembrar um pouco como é ser criança. Muitas vezes a criança não tem poder para mudar uma situação que a desagrada, como ir embora do supermercado, então faz birra. Muitos pais resistem em alterar alguns hábitos depois do nascimento dos filhos, mas isso é inevitável. A rotina tem que mudar, para acomodar as necessidades das crianças. Não se pode exigir que elas fiquem bem aonde quer que as levemos.
 

3. Repreender de um jeito melhor
Quando um adulto erra, ele é punido com as consequências de seu próprio ato. Por que, então, a punição para uma criança que erra deve ser palmada, chinelada ou outro tipo de castigo físico? Não seria mais coerente introduzir-lhe, desde sempre, a ideia de causa e consequência?  O castigo não pode ser aleatório, e sim estar diretamente relacionado ao erro cometido, para a criança perceber a consequência.
 


4. Identificar a violência
Por que se bate em crianças e adolescentes? Uma das explicações pode ser: porque as famílias, ao fazerem isso, não se reconhecem cometendo violência. Elas relacionam com correção, com educação e até com demonstração de amor. "Mas ligar agressão física a amor é de uma perversidade inaceitável", aponta Ângela Soligo. Para ela, o interesse dos pais pela vida dos filhos, a preocupação e a demonstração da tolerância, por meio do diálogo, é que demonstram amor e educam.
 Paulo Sérgio Pinheiro também não acredita em palmadinha delicada ou pedagógica. "As crianças não são propriedade dos pais e elas precisam ter sua integridade física respeitada. Eu vejo o castigo físico em crianças como uma sobrevivência autoritária do pátrio poder. Então a democracia tem de parar na soleira das portas das casas? Com certeza não."
 
 
5. Ver o sinal de descontrole
Dia intenso de trabalho, trânsito para voltar para casa, contas a vencer, jantar por fazer e o maior cansaço. É nesse contexto que, se o filho arrisca desobedecer ou fazer birra, aparecem as palmadas, os tapas e os beliscões. Segundo especialistas, a punição física surge, na maioria das vezes, num momento de descontrole dos pais, de impaciência e intolerância. E, passada a raiva, vem a culpa, e é aí que mora outro problema, que é o ganho secundário da criança. "Ela sabe que, depois que os pais batem, eles se arrependem e, então, fazem sua vontade. Infelizmente, essa é uma postura comum nas famílias", diz Maria Irene Maluf, especialista em psicopedagogia e neuropedagogia, de São Paulo.
 
A especialista aponta, ainda, outro motivo para deixar as palmadas de fora das situações de conflito vividas com a criança. "Os filhos acabam se tornando dependentes do tapa para pararem [com a birra, com o esperneio, com a desobediência etc.]. E é essa mensagem que você quer passar para eles? A de que precisam apanhar para se acalmarem?"
 
A questão esbarra em um dos mantras da educação que é a transmissão do exemplo: para a criança, tudo o que os pais fazem é considerado modelo de conduta. Então beliscar pode? Bater no colega pode? É desta maneira que eu resolvo minha irritação?


6. Ofender é tão grave quanto
Ofender, ridicularizar e humilhar verbalmente também são formas de violência, e podem deixar marcas profundas na criança ou no adolescente. E o problema é que os pais dificilmente percebem uma agressão na violência verbal.  A consequência recai diretamente na percepção do amor (a criança deixa de se sentir amada com o passar do tempo) e na autoestima, o que pode afetar, futuramente, sua vida profissional, familiar ou amorosa.
 


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Crédito: Site Educar para Crescer

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