quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Treinamento Auditivo - O que é isso?

Ouvir, entender e aprender são tarefas de escuta ativa – exigem foco e atenção. Exigem integridade sensorial e do sistema nervoso central. Seres humanos constroem conhecimento e tomam decisões a partir do que ouvem e processam. Confira mais na matéria de hoje!


O processamento da informação auditiva permite ao cérebro analisar as características acústicas dos estímulos auditivos e transformar, de maneira organizada, dados sensoriais brutos em unidades verbais, como palavras e frases, e em unidades não verbais, como contorno acústico, pausas, ênfase e demais características da expressão afetivo-emocional.
 
 
Aprender a escuta ativa e aperfeiçoá-la é possível graças à neuroplasticidade -  capacidade que o sistema nervoso central tem para se reorganizar frente a diferentes demandas. A neuroplasticidade é induzida por meio de experiência e estimulação que levam a mudanças cognitivas e comportamentais a partir de reorganizações químicas e estruturais que acontecem no cérebro desencadeadas pelas informações que chegam do meio externo, próprio e interno do organismo, bem como da interação entre elas.
 
 
 
Como os processos auditivos centrais envolvem alocação de mecanismos de atenção e memória na tarefa de processar sinais acústicos, a intervenção é baseada em modelos atencionais, que enfatizem primariamente a escolha da via a ser beneficiada; o tipo de tarefa; a seleção de estímulos disponibilizados e sua redundância; bem como o controle do modo de apresentação.
 
 
 
Treinamento Auditivo constitui-se de um conjunto de condições e/ou tarefas acústicas designadas para ativar o sistema auditivo e sistemas relacionados, de tal maneira que suas bases neurais e comportamentos auditivos associados são alterados de maneira positiva. O treinamento auditivo não formal pode ser visto de duas maneiras: a primeira, como um grupo de atividades/tarefas  para aprimorar a percepção auditiva; e  a segunda, como um treinamento inserido ao processo de fonoterapia.
 
 
Programas de treinamento que pretendem possibilitar mudanças estruturais e funcionais devem ser aplicados com material auditivo que não os testes utilizados no diagnóstico, os quais devem ser reservados apenas para a avaliação. As tarefas oferecidas devem ser desafiantes, embora possíveis, com o objetivo de liberar a produção dos neurotransmissores dopamina e acetilcolina,  os quais facilitam o processo de aprendizagem. As tarefas devem incluir seleção de estímulos acústicos claros e redundantes com as seguintes característica:
 
 
1 – Estimule a atenção: somente há mudança no córtex cerebral somente se o indivíduo dirige sua atenção ao estímulo;
 
2 – Trabalhe memória; só há transformações no cérebro quando um comportamento aprendido é armazenado na memória;
 
3 – Mantenha a motivação com reforços positivos e apresentação de novidades: favorecem a ação dos neurotransmissores dopamina e norepinefrina, que são essenciais na criação de conexões neurológicas novas e permanentes;
 
4 – Frequência e Intensidade da prática com apresentação dos estímulos: em animais são necessárias milhares de repetições de novos estímulos com diferentes tarefas para efetivar mudanças neurológicas – “o efeito da prática”;
 
5 – Adaptabilidade: o cérebro constrói habilidade sobre habilidade. Graduar nível de dificuldade dos estímulos por meio de tarefas que requeiram processamento cada vez mais rápido e eficiente; e
 
6 – Treinamento cruzado: um programa de habilitação/reabilitação eficaz deve empregar o treinamento cruzado dos domínios cognitivos e dos sistemas sensoriais.
 
 
Programas computacionais estão sendo desenvolvidos como ferramenta educacional e de reabilitação. Os resultados da literatura são encorajadores; estudos mostraram importantes ganhos na percepção auditiva após o treinamento com programas específicos para a estimulação das habilidades auditivas, mesmo quando realizados fora de ambiente terapêutico.
 
 
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Crédito: Crônicas da Sudez

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