sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Orientando os pais na ludoterapia

A orientação dos pais acontece sempre que o terapeuta perceber que os estes não estão atuando de forma a facilitar o crescimento da criança. Os pais ou boicotam o processo ou continuam mentindo, ou ainda castigando em demasia.
 
 
No início pode-se chamá-los uma vez por mês. Depois, de acordo com a situação, pode-se espaçar as orientações. Neste momento, o terapeuta vai levá-los a refletir sobre a forma como as coisas estão acontecendo na família.
 
 
O terapeuta traz as situações familiares conflitivas e todos refletem sobre tais situações. Não diz diretamente o que deve ser feito. Pede-se para eles que deem sugestões do que se pode fazer e aí vão refletindo em cada uma das sugestões e depois, juntos, descobrem qual é a orientação que eles acreditam que devem utilizar. Pode-se utilizar como recurso os livros infantis a fim de ampliar as possibilidades de atuação.
 
 
 
Nesta etapa do trabalho, alguns itens merecem atenção especial: a forma como se dá a disciplina familiar. Através de chantagem? Os pais fazem chantagem com os filhos e reclamam que eles também estão fazendo? A dinâmica é chantagem? A disciplina é rígida, se dá através da punição física? Não há disciplina? Não há limites? Na família tudo vale? Tudo tem que ser trabalhado.
 
 
Muitas vezes os pais dizem: “não adianta, ele não respeita ninguém”, “não cumpre  horário”, “nunca chega cedo” e os pais sempre chegam atrasados à sessão. Pode-se fazer uma brincadeira: “ah, nisso ele tem a quem puxar. Vocês também sempre chegam atrasados aqui”.
 
 
Nesse caso, fala-se do atraso como uma característica familiar, ou seja, tira-se da criança o papel de bode expiatório e localiza-se essa situação na família. Desta forma pode-se tornar claro o modo como a família atua frente às regras. Outra queixa comum:  “ele é muito dependente. Imagina, ele não faz nada sozinho”. E o terapeuta responde: “sim, mas eu soube que ele quis ir à padaria sozinho e não lhe foi permitido”. Os pais replicam: “ah, mas a padaria é perigoso. Lá não adianta que eu não deixo, de jeito nenhum”.
 
 
Então deve-se mostrar que a questão da dependência é algo que serve à família. A criança utiliza, mas a família se serve disso. Vai-se trabalhando assim a questão da dependência, entre outras.
 
 
 
A comunicação, por exemplo, do tipo paradoxal pode acabar por trazer conflitos sérios na criança. Um exemplo pode tornar clara a confusão provocada quando os pais assim se comunicam: “homem não pode descansar”, diz a mãe. Logo depois pergunta: “filho, está cansado, quer colo?” A criança fica na  dúvida: afinal, sou homem ou não sou homem?
 
 
 
E os vínculos afetivos? Como se dão? Eles são de dependência? Não existem? É cada um por si e Deus por todos? São meio confusos, uma hora há, outra hora não há? O relacionamento em si e o relacionamento familiar como um todo, como ele ocorre? Que influência exerce na vida da criança?
 
 
 
Outros recursos podem ser utilizados, como por exemplo, os livros infantis; fábulas, que às vezes trazem questões que são fundamentais, próprias à situação vivida pela família ou pela criança; crônicas que podem ser usadas no trabalho com os pais e com a criança. A leitura pode ser feita em casa ou na próxima sessão, pode-se ler junto com a criança para ver como ela lê, se ela tem compreensão do que lê, como é o entendimento, o sentimento e a articulação da linguagem.
 
 
 
A família na psicoterapia permite estabelecer a hora da verdade, uma vez que são trazidas questões que não são relatadas pela família. Neste momento, o terapeuta lança a questão e vê o que eles vão fazer com ela, como a família vai lidar com aquela verdade.
 
 
 
A partir da colocação clara das dificuldades vividas pela família, as coisas começam a melhorar porque a verdade é dita e o objetivo é que esse diálogo continue em casa, sem precisar da ajuda de um terceiro.
 
 
 
O terapeuta vai pontuando as questões levantadas de forma a intervir nos conflitos e vai estimulando para que a coisa se resolva, para que negociem aquela situação, sem, contudo, se intrometer ou dar a sua opinião.
 
 

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