No início pode-se chamá-los uma vez por mês.  Depois, de acordo com a situação, pode-se espaçar as orientações. Neste  momento, o terapeuta vai levá-los a refletir sobre a forma como as coisas estão  acontecendo na família. 
O terapeuta traz as situações familiares conflitivas e  todos refletem sobre tais situações. Não diz diretamente o que deve ser feito.  Pede-se para eles que deem sugestões do que se pode fazer e aí vão refletindo  em cada uma das sugestões e depois, juntos, descobrem qual é a orientação que  eles acreditam que devem utilizar. Pode-se utilizar como recurso os livros  infantis a fim de ampliar as possibilidades de atuação. 
Nesta etapa do trabalho, alguns itens  merecem atenção especial: a forma como se dá a disciplina familiar. Através de  chantagem? Os pais fazem chantagem com os filhos e reclamam que eles também  estão fazendo? A dinâmica é chantagem? A disciplina é rígida, se dá através da  punição física? Não há disciplina? Não há limites? Na família tudo vale? Tudo  tem que ser trabalhado. 
Muitas vezes os pais dizem: “não adianta, ele não  respeita ninguém”, “não cumpre  horário”,  “nunca chega cedo” e os pais sempre chegam atrasados à sessão. Pode-se fazer  uma brincadeira: “ah, nisso ele tem a quem puxar. Vocês também sempre chegam  atrasados aqui”. 
Nesse caso, fala-se do atraso como uma característica  familiar, ou seja, tira-se da criança o papel de bode expiatório e localiza-se  essa situação na família. Desta forma pode-se tornar claro o modo como a família  atua frente às regras. Outra queixa comum:   “ele é muito dependente. Imagina, ele não faz nada sozinho”. E o  terapeuta responde: “sim, mas eu soube que ele quis ir à padaria sozinho e não  lhe foi permitido”. Os pais replicam: “ah, mas a padaria é perigoso. Lá não  adianta que eu não deixo, de jeito nenhum”. 
Então deve-se mostrar que a questão  da dependência é algo que serve à família. A criança utiliza, mas a família se  serve disso. Vai-se trabalhando assim a questão da dependência, entre outras.
A comunicação, por exemplo, do tipo paradoxal  pode acabar por trazer conflitos sérios na criança. Um exemplo pode tornar  clara a confusão provocada quando os pais assim se comunicam: “homem não pode  descansar”, diz a mãe. Logo depois pergunta: “filho, está cansado, quer colo?”  A criança fica na  dúvida: afinal, sou  homem ou não sou homem?
E os vínculos afetivos? Como se dão?  Eles são de dependência? Não existem? É cada um por si e Deus por todos? São  meio confusos, uma hora há, outra hora não há? O relacionamento em si e o  relacionamento familiar como um todo, como ele ocorre? Que influência exerce na  vida da criança?
Outros recursos podem ser utilizados,  como por exemplo, os livros infantis; fábulas, que às vezes trazem questões que  são fundamentais, próprias à situação vivida pela família ou pela criança;  crônicas que podem ser usadas no trabalho com os pais e com a criança. A  leitura pode ser feita em casa ou na próxima sessão, pode-se ler junto com a  criança para ver como ela lê, se ela tem compreensão do que lê, como é o  entendimento, o sentimento e a articulação da linguagem.
A família na psicoterapia permite  estabelecer a hora da verdade, uma vez que são trazidas questões que não são  relatadas pela família. Neste momento, o terapeuta lança a questão e vê o que  eles vão fazer com ela, como a família vai lidar com aquela verdade. 
A partir da colocação clara das  dificuldades vividas pela família, as coisas começam a melhorar porque a  verdade é dita e o objetivo é que esse diálogo continue em casa, sem precisar  da ajuda de um terceiro.
O terapeuta vai pontuando as questões  levantadas de forma a intervir nos conflitos e vai estimulando para que a coisa  se resolva, para que negociem aquela situação, sem, contudo, se intrometer ou  dar a sua opinião.
Fonte: Fenômeno PSI
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