quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Etapas da Ludoterapia

A ludoterapia se dá em diferentes etapas. O início normalmente ocorre por um contato telefônico. Neste momento, se dá a escolha dos membros da família que irão participar da primeira entrevista.
 
 
 
A participação dos membros da família à primeira entrevista varia de acordo com a metodologia de diferentes psicoterapeutas. Há profissionais que marcam diretamente com a criança. Outros iniciam com toda a família.
 
 
Há, no entanto, aqueles que preferem iniciar o trabalho com os pais. Qualquer destes enfoques é válido, desde que o profissional atue de acordo com o seu projeto de trabalho.
 
 
 
 
ENTREVISTAS COM OS PAIS:ELABORAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO
 
 
 
A estratégia utilizada pela autora tem início com uma entrevista com os pais. Ao falar com os pais por telefone, solicita a sua presença enquanto casal ou pais. Dá início ao trabalho através da presença dos dois. Pode acontecer de comparecer a mãe, só o pai, a família toda, podem dizer ainda que hoje quem vai ficar é a criança apenas. Se isso acontecer, eles já estarão revelando um dado, dado este que pode ter vários significados, tais como: falta de limites, dificuldade em lidar com as normas.
 
 
 Não se sabe o que é, mas já se deve ficar atento para esta atuação da família. Caso apareça só a criança, atende-se e marca-se uma nova sessão com os pais. Se aparecer a família inteira, lembra-se a família do que havia sido combinado e que na próxima sessão seria bom que aceitassem o convite de vir só os pais. Pode acontecer que só a mãe apareça.
 
 
Assim sendo, na próxima entrevista pede-se a presença do pai. Pode acontecer ainda de a mãe dizer: “ele não aceita vir de jeito nenhum”. Neste caso o terapeuta pede para  entrar em contato com o pai. A insistência da mãe neste sentido pode ter um significado, tal como: manipulação da mãe ou pode ser que o pai não queira realmente ir, mas deve-se ficar atento, existe um significado que não se sabe qual é.
 
 
 Deve-se ficar atento ao tipo de relação estabelecida no processo terapêutico. As perguntas que se fazem têm como objetivo conhecer a forma como eles se relacionam, a dinâmica familiar, a comunicação, a afetividade, o respeito mútuo.
 
 
 
Virginia Satir sugere iniciar a sessão questionando o casal sobre o porquê de, dentre tantas pessoas no mundo, eles se escolherem. Lança-se a pergunta e espera-se para ver quem vai responder primeiro. Várias coisas podem acontecer: pode um ficar empurrando para o outro; pode um querer responder; podem responder afetivamente dizendo que foi tão legal ou podem dizer que foi a pior coisa que aconteceu na vida. Há alguns que dizem que foi o acaso, não foi uma escolha deles.
 
 
Assim, o terapeuta já vai tendo indícios acerca da forma como se estabelece o vínculo familiar; a cumplicidade, o respeito ao sentimento do outro, os acordos. Enquanto o casal fala, o terapeuta se manifesta através das intervenções: refletoras de conteúdo verbal, clarificadoras de vivências emocionais e inquisitivas. Na continuidade de suas questões, vai observando quem frequentemente toma a frente, quem recua, enfim, como se dá a dinâmica familiar.
 
 
Muitas vezes o casal queixa-se: “meu filho não tem o menor limite”. Ao mesmo tempo o pai bota a cinza no cinzeiro, derruba a cinza, vai ao banheiro e deixa o papel for a do lugar, lava as mãos e molha o banheiro todo, um manda o outro se calar porque é sua vez de falar. A falta de limites está inserida no contexto familiar.
 
 
No relato dos pais, muitas vezes fica clara a dificuldade de se impor a disciplina. Dizem, por exemplo: “deixar, não deixo o meu filho fazer não, sabe, eu imponho a disciplina, mas ele insiste, aí ele faz”. A comunicação é contraditória: impõe a disciplina, mas se ele quer fazer, faz. Que disciplina foi imposta? Na verdade, nenhuma.
 
 
 
Depois, pergunta-se o seguinte: aí o namoro continuou e num dado momento vocês resolveram casar. Como foi essa decisão? Várias possibilidades de resposta podem aparecer. Eles podem dizer que não decidiram pois ela ficou grávida e tiveram que casar ou que os dois decidiram, pois queriam ficar mais tempo juntos.
 
 
Após a resposta de um dos membros do casal, o terapeuta dirige a mesma pergunta para o outro. Cada um dos membros do casal responde de acordo com seus significados e com a postura que assumem na vida. O psicólogo continua observando a forma como se dão os vínculos familiares, como é a atitude frente às famílias de origem. Sabe-se muitas vezes que as famílias de origem influenciam tanto o casal que aquela família nuclear ainda não se formou.
 
 
Os pais não se constituíram como tais, são todos irmãos. Desta forma pode-se concluir que a figura de autoridade inexiste.
 
 
 
Após todos esses dados serem levantados, dá-se início à sessão livre. O terapeuta deve mostrar a sala à criança e pedir para que ela escolha a atividade que deseja executar. A sala deve dispor de um rico repertório de recursos a fim de ampliar as possibilidades de ação da criança.
 
 
 
É imprescindível que o espaço lúdico conste de livros infantis que devem ficar à disposição das crianças e outros que podem ser usados no trabalho com a família.
 
 
 
Através do uso dos livros infantis pode-se mobilizar a família para o processo terapêutico e para a orientação de pais. Com a criança, tais livros possibilitam trabalhar a sexualidade, a morte, a fragilidade, a agressão, a submissão e muitas outras questões.
 
 

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