A participação dos membros da família à  primeira entrevista varia de acordo com a metodologia de diferentes  psicoterapeutas. Há profissionais que marcam diretamente com a criança. Outros  iniciam com toda a família. 
Há, no entanto, aqueles que preferem iniciar o  trabalho com os pais. Qualquer destes enfoques é válido, desde que o  profissional atue de acordo com o seu projeto de trabalho. 
ENTREVISTAS COM OS PAIS:ELABORAÇÃO E  SISTEMATIZAÇÃO
A estratégia utilizada pela autora tem  início com uma entrevista com os pais. Ao falar com os pais por telefone,  solicita a sua presença enquanto casal ou pais. Dá início ao trabalho através  da presença dos dois. Pode acontecer de comparecer a mãe, só o pai, a família  toda, podem dizer ainda que hoje quem vai ficar é a criança apenas. Se isso  acontecer, eles já estarão revelando um dado, dado este que pode ter vários  significados, tais como: falta de limites, dificuldade em lidar com as normas. 
 Não se sabe o que é, mas já se deve ficar atento para esta atuação da família.  Caso apareça só a criança, atende-se e marca-se uma nova sessão com os pais. Se  aparecer a família inteira, lembra-se a família do que havia sido combinado e  que na próxima sessão seria bom que aceitassem o convite de vir só os pais.  Pode acontecer que só a mãe apareça. 
Assim sendo, na próxima entrevista pede-se  a presença do pai. Pode acontecer ainda de a mãe dizer: “ele não aceita vir de  jeito nenhum”. Neste caso o terapeuta pede para   entrar em contato com o pai. A insistência da mãe neste sentido pode ter  um significado, tal como: manipulação da mãe ou pode ser que o pai não queira  realmente ir, mas deve-se ficar atento, existe um significado que não se sabe  qual é.
 Deve-se ficar atento ao tipo de relação estabelecida no processo terapêutico.  As perguntas que se fazem têm como objetivo conhecer a forma como eles se  relacionam, a dinâmica familiar, a comunicação, a afetividade, o respeito mútuo. 
Virginia Satir sugere iniciar a sessão  questionando o casal sobre o porquê de, dentre tantas pessoas no mundo, eles se  escolherem. Lança-se a pergunta e espera-se para ver quem vai responder  primeiro. Várias coisas podem acontecer: pode um ficar empurrando para o outro;  pode um querer responder; podem responder afetivamente dizendo que foi tão  legal ou podem dizer que foi a pior coisa que aconteceu na vida. Há alguns que  dizem que foi o acaso, não foi uma escolha deles. 
Assim, o terapeuta já vai  tendo indícios acerca da forma como se estabelece o vínculo familiar; a  cumplicidade, o respeito ao sentimento do outro, os acordos. Enquanto o casal  fala, o terapeuta se manifesta através das intervenções: refletoras de conteúdo  verbal, clarificadoras de vivências emocionais e inquisitivas. Na continuidade  de suas questões, vai observando quem frequentemente toma a frente, quem recua,  enfim, como se dá a dinâmica familiar. 
Muitas vezes o casal queixa-se: “meu  filho não tem o menor limite”. Ao mesmo tempo o pai bota a cinza no cinzeiro,  derruba a cinza, vai ao banheiro e deixa o papel for a do lugar, lava as mãos e  molha o banheiro todo, um manda o outro se calar porque é sua vez de falar. A  falta de limites está inserida no contexto familiar. 
No relato dos pais, muitas  vezes fica clara a dificuldade de se impor a disciplina. Dizem, por exemplo:  “deixar, não deixo o meu filho fazer não, sabe, eu imponho a disciplina, mas  ele insiste, aí ele faz”. A comunicação é contraditória: impõe a disciplina,  mas se ele quer fazer, faz. Que disciplina foi imposta? Na verdade, nenhuma.
Depois, pergunta-se o seguinte: aí o  namoro continuou e num dado momento vocês resolveram casar. Como foi essa  decisão? Várias possibilidades de resposta podem aparecer. Eles podem dizer que  não decidiram pois ela ficou grávida e tiveram que casar ou que os dois  decidiram, pois queriam ficar mais tempo juntos. 
Após a resposta de um dos  membros do casal, o terapeuta dirige a mesma pergunta para o outro. Cada um dos  membros do casal responde de acordo com seus significados e com a postura que  assumem na vida. O psicólogo continua observando a forma como se dão os  vínculos familiares, como é a atitude frente às famílias de origem. Sabe-se  muitas vezes que as famílias de origem influenciam tanto o casal que aquela  família nuclear ainda não se formou. 
Os pais não se constituíram como tais, são  todos irmãos. Desta forma pode-se concluir que a figura de autoridade inexiste. 
Após todos esses dados serem levantados,  dá-se início à sessão livre. O terapeuta deve mostrar a sala à criança e pedir  para que ela escolha a atividade que deseja executar. A sala deve dispor de um  rico repertório de recursos a fim de ampliar as possibilidades de ação da  criança.
É imprescindível que o espaço lúdico  conste de livros infantis que devem ficar à disposição das crianças e outros  que podem ser usados no trabalho com a família.
Através do uso dos livros infantis  pode-se mobilizar a família para o processo terapêutico e para a orientação de  pais. Com a criança, tais livros possibilitam trabalhar a sexualidade, a morte,  a fragilidade, a agressão, a submissão e muitas outras questões. 
Fonte: Fenômeno PSI
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