Quer saber qual o melhor remédio para a garotada não ter constipação
intestinal? Corte uma fatia de tomate em formato de meia-lua, amasse um pouco de
feijão e pegue duas rodelinhas de cenoura. Monte os ingredientes no prato,
formando uma carinha. Conte uma história divertida e incentive seu filho a comer
tudo. Pode parecer simples demais para dar certo, mas a recomendação dos
especialistas ouvidos por SAÚDE! é clara: aumente a oferta de fibras e água para
os pequenos darem adeus à prisão de ventre. "A principal causa do intestino
preso é a alimentação errada. Ao incluir frutas e hortaliças, a situação
geralmente se resolve", diz Mário Vieira, gastroenterologista pediatra do
Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná.
Só que essa solução significa nadar contra a corrente. Um levantamento do
Johns Hopkins Children’s Center, nos Estados Unidos, revela um aumento de 30% no
número de casos de crianças americanas com crises de constipação entre 2008 e
2009. No Brasil, não há números sobre o assunto, mas os médicos confirmam que o
problema também cresce por aqui — ao menos pelo que observam em consultório — e
culpam o prato da meninada. Afinal, vivemos na época do fast food, das delícias
açucaradas, dos snacks cheios de sal. "E, quando a alimentação é regada a
tranqueiras, faltam fontes de fibras, que promovem o bom funcionamento do
intestino ao aumentar o volume do bolo fecal e estimular os movimentos
peristálticos, aqueles que empurram as fezes", explica a nutricionista Luciana
Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A água entra
no jogo porque ela torna esse bolo, digamos, mais macio, facilitando sua
expulsão.
Além de ficar de olho na comida, também é necessário conferir as
características das fezes do seu filho, por mais nojenta que essa dica pareça.
Não é preciso esperar uma semana sem ir ao banheiro para dizer que há
constipação. "Se a criança faz cocô duas ou três vezes por dia, mas em pouco
volume, como se eliminasse um monte de bolinhas duras, ela está com intestino
preso", ensina a gastroenterologista pediatra Isaura Assumpção, do Hospital
Infantil Sabará, na capital paulista. Daí, antes de perder tempo, é hora de
rechear o prato com alimentos laxantes (veja alguns deles no quadro abaixo) e
oferecer água com frequência — em média, 1,5 litro ao dia dá conta do recado
para crianças entre 4 e 8 anos.
Saber identificar a prisão de ventre é importante para corrigir o problema
quanto antes. "Quando a criança sempre faz um cocô duro e grosso, ela machuca o
bumbum. Então, ainda que sem consciência, deduz que, segurando, não vai sentir
dor", afirma Isaura Assumpção. "Só que, quanto mais evita a evacuação, pior fica
o quadro. Por isso é preciso cortar o círculo vicioso, conhecido como
comportamento de retenção." E, para resolvê-lo, você já sabe: mudança na
alimentação já.
Só tome cuidado para o tiro não sair pela culatra. Nessas horas, não adianta
dar maçã sem casca nem banana para a garotada. Essas duas frutas são
constipantes e, apesar de terem um pouco de fibras, acabam prendendo o intestino
(confira no quadro abaixo alguns dos alimentos que pioram a prisão de
ventre).
Aliás, é bom saber que o problema é mais comum em algumas fases da vida.
"Durante o aleitamento materno, os bebês podem ficar vários dias sem evacuar.
Isso não é ruim, desde que as fezes sejam sempre pastosas", lembra a
nutricionista Lucy Tchakmakian, do Centro Universitário São Camilo, em São
Paulo. Em 90% dos casos a constipação de verdade só começa com a introdução das
fórmulas infantis e o uso de papinhas. "Alguns leites, mesmo sendo fabricados
para bebês, podem causar o problema. E é preciso atenção para que as papinhas
sejam ricas em fibras", lembra a pediatra Lucília Faria, do Hospital
Sírio-Libanês, na capital paulista.
O segundo momento em que o problema costuma dar as caras é por volta dos 2
anos, quando os pais tentam tirar as fraldas — e aí aparece o comportamento de
retenção. Depois disso, a pré-adolescência é apontada como o terceiro momento
crucial da vida intestinal (des)regulada. "Nessa época, o jovem fica por sua
conta e risco, porque os pais não controlam mais a frequência de idas ao
banheiro", comenta Lucília. E, sem saber o que é melhor para eles, os
adolescentes podem deixar a prisão de ventre se prolongar mais do que o
normal.
Preste atenção em uma situação em particular: não é comum bebês terem prisão
de ventre desde o nascimento. Encontrar na fralda só bolinhas duras pode ser
sinal de problemas que merecem uma investigação mais aprofundada. "Também é
importante evitar — pelo menos até os 2 anos de idade — a introdução dos
alimentos muito açucarados, ricos em gorduras e em sódio, e que costumam ser
vazios em fibras", afirma Luciana Oliveira.
AGUENTE FIRME E FIQUE DE
OLHO
Observe se as fezes do seu filho são macias e finas.
Essa é a característica mais importante da evacuação normal — mais até do que a
frequência de idas ao banheiro. É normal que os muito pequenos fiquem até
roxinhos de fazer tanta força para o cocô sair, mesmo que seja aquoso. Isso
porque eles ainda não aprenderam a controlar a saída das fezes. Para os que já
usam o vaso sanitário, a posição correta é com o bumbum inteiro no assento e os
pezinhos apoiados no chão. Isso facilita o trabalho da criança — compre um
troninho ou acessórios adaptadores para a privada normal. Em qualquer situação,
dê o tempo necessário a seu filho quando ele disser que quer ir ao banheiro. Não
pressione por causa do horário ou de algum compromisso.
ESTES SÃO ALIADOS DA BARRIGA DA
CRIANÇADA
MAMÃO
Possui uma substância
laxante natural, tão eficiente quanto alguns remédios para soltar o intestino. É
rico em fibras que colaboram para manter as fezes
macias.
FEIJÃO
A casquinha dessa leguminosa tem uma
fibra que é bastante laxante. Dica: dê um palitinho para a criança espetar os
grãos de feijão e comê-los um por um.
IOGURTE
Os que
são ricos em probióticos ajudam a manter a flora intestinal saudável, porque
repõem sua proteção natural. Evitam assim os dois extremos — desde prisão de
ventre a diarreia.
AMEIXA SECA
Assim como o mamão,
ela é rica em uma substância laxante natural. Só não exagere na dose, porque
durante a desidratação a fruta recebe grande quantidade de açúcar.
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