Se você acompanha a lição de casa do seu filho regularmente, parabéns! Está adotando uma das posturas mais estimuladas pelos especialistas para valorizar e contribuir com o aprendizado dele. Mas você já parou para analisar se tarefa que está sendo solicitada é bacana?
"Quando se fala em dever de casa, toda atenção é voltada para o aluno, se ele o faz, se responde de forma completa, etc. No entanto, a maior responsabilidade é do professor, pois parte dele o pedido", ressalta Rose Mary Guimarães Rodrigues, docente do curso de Pedagogia da Unitri (Centro Universitário do Triângulo).
Não se trata aqui de verificar o conteúdo proposto ou o nível do exercício passado, mas de ficar atento aos pontos que toda lição de casa, independente da disciplina, série ou metodologia, deve ter para cumprir seu papel.
"Para ser efetiva, a tarefa de casa deveria ajudar a desenvolver a autonomia e promover o gosto pela descoberta, pelo conhecimento", afirma a educadora e psicopedagoga Heloisa Padilha.
Vale a pena aprender a reconhecer uma boa lição de casa. E caso as tarefas de seu filho estejam muito longe do recomendado, o melhor é conversar com professores e coordenadores, sempre com calma e respeito, para entender o porquê.
Veja as características de uma lição de casa ideal, apontadas pelas educadoras mencionadas, que possuem pesquisas e trabalhos sobre o tema:
1. Tem de combinar com a proposta de ensino
Se a escola manda lição para casa, isto tem que fazer parte da sua estratégia de ensino. A escola pode até decidir que o dever de casa não faz parte do seu jeito de ensinar e não enviar. Mas é preciso que fique claro, para alunos e pais, o que a escola (e não um professor específico) pretende com a tarefa de casa.
2. Não pode ser muita, nem pouca...
O ritmo e o formato das tarefas podem variar de acordo com a disciplina trabalhada, porém é preciso equilíbrio e planejamento entre os professores para evitar que muitas tarefas sejam solicitadas para a mesma data.
3. Precisa de um porquê
A lição precisa ser passada por um motivo, não só "porque tem de ter lição de casa" e o objetivo deve ficar claro para os alunos. Este é um ponto essencial. Por exemplo: a professora pede aos alunos um mapa da Europa atual quando estão estudando Feudalismo. O ideal é explicar que o objetivo é comparar a divisão do território nestes dois momentos diferentes da História e que fazer o desenho do mapa dará um melhor entendimento.
4. Tem de ser motivadora
Quem se anima diante de uma lista enorme de frases desconexas para fazer análise sintática? A tarefa ideal gera interesse no tema abordado e é prazerosa de ser feita ou pela descoberta que proporciona ou pelo desafio que traz. Por exemplo, propor a análise de frases retiradas de um texto divertido ou de uma história em quadrinhos...
5. Seu filho tem de conseguir resolvê-la!
Nada mais frustrante do que ser cobrado de algo que não se tem condições de responder. A lição não pode passar a sensação de ser "difícil" ou "muito complicada" para o aluno. Se seu filho nem souber do que se trata ou não estiver acompanhando, não deixe de falar com o professor ou o orientador.
6. Ela deve ser clara
Ou seja, qualquer pessoa que ler o exercício vai entender o que está sendo pedido.
7. Deve ser bem orientada
O professor precisa explicar, em aula, como a tarefa deve ser feita, como ela deverá ser apresentada e em que prazo. Por isso é sempre bom lembrar seu filho de anotar tudo na agenda.
8. Deve ter relação com o conteúdo dado em aula
O exercício deve ser algo que ajuda a revisar ou ampliar um assunto abordado em sala de aula ou, ainda, prepara o aluno para temas que serão trabalhados na aula seguinte.
9. Deve ser diversificada
O professor deve explorar os diversos formatos de lição possíveis, como trabalhos em grupos, pesquisas individuais, produção de texto, exercícios de observação, entrevistas, leitura, etc.
10. Deve ser (preferencialmente) autoral
Para ser efetiva, a tarefa de casa deveria ajudar a desenvolver a autonomia e promover o gosto pela descoberta, pelo conhecimento.
Uma tarefa autoral é aquela em que cada aluno trará sua resposta, o resultado de sua própria reflexão sobre o tema. Ou seja: não solicita respostas únicas ou prontas.
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