Quem é que não se encanta com as gracinhas de um bebê? Ele ri, engatinha, tenta uma cambalhota, faz careta, ensaia as primeiras palavras: impossível não se sentir cativado.
A criança percebe que está agradando e procura repetir esses comportamentos para continuar merecendo a aprovação e a atenção dos adultos. Até aí, não há nenhum problema. A atenção e a aprovação são importantes para que a criança se sinta amada e desenvolva uma boa autoestima.
Mas os pais precisam tomar cuidado para não exagerar e para não querer transformar as gracinhas do filho em uma atração para a família. É o caso de quem quer que o filho mande beijinhos o tempo todo ou fique repetindo para as visitas uma frase nova que aprendeu.
Também é importante que os pais não valorizem as "gracinhas" malcriadas dos pequenos. Embora possa parecer "bonitinho" em um primeiro momento, rir quando uma criança pequena fala um palavrão ou quando pisca os olhinhos depois de fazer algo errado, por exemplo, só vai ensina-la que esse comportamento é aceito e que ela pode evitar as broncas se fizer algo engraçadinho depois. Veja as dicas dos especialistas para saber como ensinar seu filho a conquistar atenção na medida certa.
1. Por que os bebês fazem gracinhas?
As gracinhas, assim como o choro e a manhã são tentativas de chamar a atenção da mãe ou dos adultos que rodeiam a criança. Até cerca de 8 meses de idade, o bebê não consegue perceber que ele e a mãe são dois seres distintos. A partir dessa idade, a criança começa a notar que é um ser independente da mãe e procura chamar a sua atenção de diversas maneiras. "É natural que ao romper com a mãe a relação simbiótica que possuía desde seu nascimento o bebê demonstre a sua vontade própria ou seu desejo por ser notada com o objetivo de recuperar a relação que tinha com ela. Para isso, a criança lança mão de subterfúgios como as "gracinhas", o choro e a manha. Esse comportamento é natural da idade, pois é o momento de experimentação e vivência dessa nova realidade", afirma Ruth Nassiff, orientadora educacional da educação infantil e Fundamental I do Colégio Pentágono, de São Paulo.
2. Quais outros motivos podem levar a criança a querer se exibir, a chamar a atenção?
A criança também pode tentar chamar a atenção dos pais ou dos adultos à sua volta quando enfrenta algum problema ou uma situação que a faz sofrer, como a separação do casal ou a chegada do irmão mais novo. "A criança pode querer chamar atenção por estar carente, por sentir falta da presença dos pais. Na escola pode querer chamar a atenção da professora por ciúme de algum colega", diz Andressa Pescuma, psicopedagoga e coordenadora pedagógica do Colégio Global, de São Paulo. Quando as tentativas de se exibir ou de chamar a atenção são muito frequentes, os pais precisam investigar a causa do comportamento do filho para poder ajudá-lo a a lidar melhor com isso.
3. É comum nas crianças pequenas querer exibir o corpo? Como os pais devem agir nesses casos?
Querer tirar a roupa e mostrar partes do corpo é comum nessa faixa etária e faz parte do processo de descoberta e de curiosidade das crianças. "As crianças descobrem o próprio corpo, comparam com os amigos, percebem as diferenças entre meninos e meninas e é natural que queiram mostrar também", afirma psicopedagoga Andressa Pescuma, de São Paulo. "Quando isso ocorrer, os pais devem tratar a situação com naturalidade, sem dar broncas. Devem explicar para a criança que há lugares e situações apropriadas para tirar a roupa como quando vamos tomar banho ou utilizar o banheiro, por exemplo".
4. Como os pais devem lidar com as gracinhas dos filhos?
Curtir as gracinhas e dar atenção ao filho são atitudes importantes para que ele desenvolva sua boa autoestima. Porém, os pais devem tomar cuidado para não tornar a criança um "objeto" ou uma "atração" a ser admirado. "Os pais que estimulam muito a criança, solicitando que elas façam certas gracinhas, podem ter mais dificuldade para que essa criança não se torne inconveniente em outras ocasiões em que ela não consegue parar de chamar a atenção", diz Rosa Maria Cavalcanti Marcos, diretora pedagógica do Colégio Brasil Canadá, de São Paulo. Ao estimular as gracinhas dos filhos, os pais também podem passar a ideia errada ao filho de que ele é o centro das atenções de todo mundo. Isso pode gerar frustração no futuro, quando a criança deixar de ser bebê e as gracinhas deixarem de ser tão admiradas pelos adultos.
5. O que se deve fazer quando o filho faz gracinhas depois de uma malcriação ou de uma atitude errada?
Muitas vezes os pais acham "uma gracinha" quando o filho pequeno fala um palavrão ou faz uma carinha de sapeca depois de quebrar ou sujar alguma coisa, por exemplo. Mas ao fazer isso, os pais estão dando sua aprovação para a ação dos filhos e incentivando-os a continuar a agir dessa forma. "Derrubar algo ou jogar um brinquedo é muitas vezes motivo de risada para os adultos que estão ao redor. Mas com essa atitude eles acabam erroneamente reforçando essa ação. A criança repetirá inúmeras vezes o ato errado, pois percebeu que em algum momento agradou os pais. Neste momento os pais devem orientar, dizer que não gostaram, que não se pode fazer isso e, claro, evitar de rir por mais inusitada que seja a situação", diz a psicopedagoga Andressa Pescuma.
6. Como lidar quando os filhos tentam chamar a atenção com atitudes negativas como a birra?
É comum que as crianças usem da artimanha das birras para chamar a atenção e conseguir o que querem, conforme afirma Rosa Maria Cavalcanti Marcos, diretora pedagógica do Colégio Brasil Canadá, de São Paulo. "Quando os pais perceberem que é birra, não devem dar importância àquela atitude inadequada da criança. Quando a birra expuser a criança a algum tipo de risco, fique por perto, mas evite dar atenção direta a ela. O melhor a fazer sempre é ignorar as atitudes de birra. É difícil e há pais que cedem a esse comportamento inadequado da criança. Essa atitude dos pais, geralmente, traz consequências negativas. Os pais devem sempre mostrar que quem está no controle da situação são eles, e não os filhos", explica.
Fiquem atentos!
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