Apesar da economia em frangalhos, a ilha garante um ensino de qualidade para todos. Conheça os ingredientes dessa revolução!
Os alunos cubanos tiram notas muito mais altas em exames internacionais que as crianças de outros países latino-americanos, incluindo o Brasil. "A educação de Cuba oferece à maioria dos alunos uma educação básica que somente crianças de classe média alta recebem em outros países da América Latina", explica o economista Martin Carnoy, da Universidade de Stanford (EUA), que conduziu um estudo comparativo entre os sistemas educacionais do Brasil, Chile e Cuba.
Carnoy mostra que o ótimo desempenho dos estudantes cubanos é resultado de um sistema educacional que dá oportunidades iguais para todos os alunos, que estudam em um ambiente mais seguro e menos desigual que o brasileiro.
A seguir, conheça os elementos que levaram os alunos cubanos à excelência acadêmica:
1) Crianças com saúde, sem trabalho
Em Cuba, todas as crianças e adolescentes, da capital Havana às zonas rurais, frequentam a escola, que é obrigatória por nove anos. O ensino é gratuito até o nível superior - os estudantes não pagam nem mesmo os livros. O governo provê uma rede de assistência social, que envolve Educação e saúde, a todas as crianças. Órfãos, filhos de presos e de pessoas com deficiências mentais vivem em instituições que lhes garantem alimentação, assistência médica e Educação, até a universidade. No ensino básico, as crianças ficam na escola das 8h às 16h30, intercalando aulas com atividades esportivas e culturais.
O Estado se responsabiliza pela Educação, mas compartilha obrigações com a família. A lei cubana pune e até prende os pais em caso de falta. Além disso, os estudantes cubanos não trabalham fora.
2) Educação na primeira infância
Em Cuba, o ensino começa aos dois anos. Também há um sistema que garante apoio para mães trabalhadoras. Nele, profissionais vão até casa da família e ensinam a mãe a lidar com o bebê.
3) Foco no ensino
Os alunos cubanos trabalham em grupo e resolvem exercícios previamente planejados. "Não há cópia nas escolas cubanas, mas sim discussão de problemas matemáticos", diz Carnoy. Para o economista, perde-se tempo demais com trabalhos em grupo e aulas expositivas nas escolas brasileiras. Além disso, os alunos cubanos permanecem pelo menos 6 horas diárias na escola - a carga horária brasileira, na Educação básica, não passa dos 4,5h (o dado é do Inep).
4) Cursos de formação de professores essencialmente práticos
Os cursos de formação de professores cubanos são exigentes e muito voltados para as práticas de ensino. A teoria perde espaço para exercícios de atuação na sala de aula, como estratégias para atrair atenção da classe quando ela se mostra dispersiva. "Teorias são irrelevantes para ensinar", defende Martin Carnoy.
No currículo cubano, ganham destaque diferentes técnicas para ensinar um determinado assunto, como fração, por exemplo. "Não basta saber a matéria. É preciso saber como ensiná-la", explica o economista Carnoy.
5) Supervisão docente
A vigilância policialesca que Cuba exerce sobre seus cidadãos também garante uma supervisão severa aos professores. O governo central controla todas as etapas do treinamento dos mestres, do recrutamento à prática inicial. Diretores e professores mais experientes observam os novatos. "O diretor entra na classe e toma notas sobre o desempenho do professor", observa Carnoy.
Segundo ele, duas visitas desse tipo ocorrem por semana nos três anos iniciais da carreira de um mestre. Esse sistema de tutoria permite assegurar que as aulas sigam métodos exigidos pelos parâmetros nacionais. Graças à forte supervisão, o governo sabe quem é o professor, o que está ensinando. O resultado é que os professores são competentes, afinal passaram por escola que realmente ensina, além de cumprir as diretrizes nacionais. Cerca de 80% melhores vão para sala de aula, mesmo com uma média salarial de cerca de R$ 35.
6) Padrões nacionais de qualidade
Pesquisas mostram que parâmetros comuns a todas as escolas podem elevar a qualidade de ensino de um país. Em Cuba, tais padrões são observados em todas as escolas do país, da capital Havana às escolas de regiões rurais. O governo central estabelece o que deve ser ensinado e quando esse conteúdo deve ser ministrado.
A grade curricular nacional é padronizada e os professores têm que seguir esse currículo. Não há espaço para criatividade e a autonomia do professor fica em segundo plano. Cada escola do país tem uma televisão e um vídeo, que transmitem conteúdo em rede nacional para todas as classes.
7) Gestão eficiente
Os vários elementos do ensino cubano são costurados por uma gestão eficiente. A homogeneidade das escolas permite fazer um bom acompanhamento e é um dos facilitadores da gestão.
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