Quais são os problemas de fala mais comuns e quando aparecem?
O primeiro que pode surgir é o atraso no início da fala, que é percebido quando
a criança articula pouco ou quase nada aos 2 anos, idade em que deveria
conseguir se comunicar com frases simples, como “me dá.” Se isso não acontece,
é preciso marcar uma consulta com o fonoaudiólogo. Aos 3, acontecem as trocas
de fonemas, mas isso não é necessariamente um problema. Vai depender da
substituição que ele faz e da etapa em que isso acontece. Por exemplo, nessa
idade é comum a criança “comer” o R (em vez de falar preto, dizer “peto”), e
nem por isso é preciso procurar um especialista. De 2 a 4 anos, seu filho pode
começar a repetir as palavras ou as sílabas, caso conhecido, na linguagem
médica, de disfluência fisiológica. Diferentemente da gagueira (um distúrbio
neurobiológico, que tem início por volta dos 5 anos e que exige tratamento
especializado), essa disfluência dura cerca de seis a dez semanas e acontece
porque os pensamentos da criança são mais rápidos do que a capacidade de falar,
causando a repetição. E você pode ajudar. Ouça seu filho com calma e paciência,
sem chamar a atenção para esse comportamento ou pedir para ele falar mais
devagar – isso só vai fazê-lo se sentir inadequado. Lembre-se de que até os 5,
a criança deve falar todos os sons corretamente – essa regra não vale para
prematuros que, em geral, têm mais chances de sofrer atrasos no
desenvolvimento. Se perceber algo diferente, procure um especialista.
Que outros fatores podem prejudicar o desenvolvimento da fala?
Problemas auditivos, neurológicos ou respiratórios, e até fatores ambientais,
como falta de estímulo. Desses, os de audição são os mais comuns. “A criança
que ouve pouco, balbucia pouco. Ou seja, vai ter dificuldade para aprender a
falar”, diz Ignês Maia Ribeiro, diretora educacional do Instituto Brasileiro de
Fluência (SP). Por isso é importante que o recém-nascido faça o teste de
triagem auditiva (teste da orelhinha), gratuito e obrigatório desde 2010. Ele é
realizado ainda na maternidade e avalia se o bebê tem alguma dificuldade para
ouvir. Já as crianças com deficiência neurológica (inclusive as portadoras de
síndromes, como a de Down) precisam de atenção especial: a maioria vai ter
atraso no desenvolvimento da linguagem. Outro fator importante é a respiração.
As que possuem problemas crônicos, como rinite alérgica, têm mais chances de
apresentar alterações na fala pois respiram pela boca. “Isso afeta todo o
processo de postura da língua e posicionamento dos dentes, o que colabora para
as alterações aparecerem”, afirma Cássia Telles, fonoaudióloga do Hospital
Pequeno Príncipe (PR).
Uma vez que a dificuldade foi constatada, devo ir logo ao especialista?
Sim. É importante que o fonoaudiólogo faça uma avaliação rapidamente. Mas
diagnosticar o problema, em alguns casos, não significa que o tratamento vai
ser iniciado naquele momento. “Quando a criança vai para a escola, é exposta ao
ambiente social e percebe que sua fala está errada. Muitas vezes, essa é a hora
mais adequada de interferir, pois ela fica consciente do problema e disposta a
mudar o quanto antes”, diz Cássia. Ainda assim, vale dizer que somente um
especialista saberá a hora certa de começar o tratamento.
Fonte:http://revistacrescer.globo.com/Encontros-CRESCER-com-Dra-Ana/2014/noticia/2014/05/3-coisas-sobre-fala-das-criancas.html
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