sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Recebi um aluno autista na minha sala de aula. O que fazer?

O ano está em pleno vapor, sala de aula cheia e você recebe um aluno autista. O que fazer?
O professor se questiona, será que vou ser capaz de ajudá-lo? Como posso ajudar? Até onde posso exigir do meu aluno?
 
 
Em primeiro lugar é preciso entender o que é o autismo e suas principais características. O autismo é um transtorno do desenvolvimento que se manifesta através das dificuldades nas três áreas do desenvolvimento.
 
 
Interação social - A criança apresenta dificuldades em manter contato visual, brincar compartilhado, falta interesse em compartilhar prazeres ou realizações.
 
 
Comunicação - Geralmente é a primeira característica a ser observada, a criança pode apresentar ausência total da fala, atraso na fala, fala de forma ininteligível ou de maneira ecolálica, não funcional.
 
 
Dificuldades comportamentais - Interesse restrito a objetos ou partes particulares  dos objetos como por exemplo, girar a roda de um carrinho por horas  ao invés de explorar o brinquedo como um todo. Resistência a mudança de  rotinas, estereotipias (movimentos repetitivos) e dificuldade no uso da imaginação.
 
 
 
Depois de entender o autismo o próximo passo é não  rotular o aluno, é preciso observar e atentar-se para as características pessoais do aluno, verificar como ele se comporta diante das atividades pedagógicas e só então estabelecer metas, partindo sempre do que o aluno já sabe.
 
 
 
O vinculo afetivo e a motivação é essencial para uma inclusão com qualidade. O professor deve sempre buscar e manter contato visual com aluno, estimular a comunicação, propor atividade inclusivas com toda a turma, propiciar e mediar as brincadeiras entre o grupo, usar sempre uma linguagem simples, clara e firme.
 
 
 
Utilize todos os recursos disponíveis para ensinar, computadores, livros, músicas. Observe os interesses da criança, e utilize-os como motivadores para facilitar a aprendizagem, penetre no mundo autista para entender como esta criança aprende. Para muitas destas crianças o estímulo auditivo, visual ou tátil pode ser muito reforçador e controla o comportamento de atenção da criança durante as atividades.
 
 
 
É fundamental ter um material adaptado que facilite a aprendizagem e ajude a criança a ficar atenta e realizar as atividades com motivação e atenção, dispensando a ajuda intrusiva do professor. Por exemplo, ao observar que a criança se interessa por um determinado desenho animado (pica-pau), o professor pode adaptar atividades de matemática com imagens desta animação para a criança parear com os números.
 
 
Outra mudança importante, além da confecção do material, é a disponibilização no ambiente de dicas visuais, ordem e previsibilidade são muito importantes, as pistas visuais irão ajudar a criança a prever os efeitos do seu ambiente e reduzir o medo do desconhecido (Quadro de rotina, cartolinas com palavras escritas),dicas auditivas (vinhetas que cantem o que a criança precisa fazer, instrução verbal),dicas gestuais(gestos que indiquem o que a criança precisa fazer) e por fim dicas físicas(o professor pega na mão da criança para  ela poder realizar a atividade),é importante salientar que essas dicas devem ser retiradas gradualmente para garantirmos a independência nas atividades.
 
 
 
Algumas dessas crianças apresentam comportamentos disruptivos (birra exagerada, onde a criança apresenta dificuldade para se acalmar, desencadeando comportamentos autolesivos e/ou heterolesivos), é importante investigar a razão deste comportamento, onde ocorre, quando e em qual situação ou na presença de quem ou do que este comportamento aparece. Diante desta situação,mantenha a calma e não se altere, redirecione o comportamento do aluno chamando sua atenção com algo que a criança goste, por exemplo, um brinquedo, mantenha o tom da voz baixo ou não verbalize neste momento, evite perguntas como: o que você quer? Espere um pouco, calma! Estas perguntas podem reforçar o comportamento e aumentar a probabilidade de o comportamento voltar acontecer em uma escala maior.
 
 
É de extrema importância o relato destes acontecimentos para a família e para a equipe terapêutica que acompanha a criança, a troca de informações entre as pessoas que participam da vida desta criança vai ajudar entender determinados comportamentos e juntos encontrar soluções para os mesmos.
 
 
 
E no final não há nada mais gratificante do que receber um sorriso de uma criança e saber que você fez parte do processo de ensino e aprendizagem deste sorriso.
 
 
 
Como dizia Paulo Freire “Ensinar é criar possibilidades para a construção do conhecimento. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
 
 
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Crédito: Neide Soares

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