Diagnóstico
Uma estimativa feita em 2010, cujos resultados
acabaram de ser divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos
Estados Unidos, mostrou que 1 em cada 68 crianças são diagnosticadas com
autismo no país - 30% a mais do que em 2008. No entanto, o diagnóstico não é
tão simples assim. Isso porque não há um exame específico que indique o
transtorno – a avaliação deve ser clínica e feita por uma equipe
multidisciplinar, formada por psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.
É comum, ainda, que os sintomas sejam confundidos com surdez (já que a
criança não responde aos estímulos), deficiência intelectual e problemas de
linguagem.
Por isso, mediante qualquer desconfiança sobre desenvolvimento
do seu filho, procure um especialista. “Quanto mais precoce começar as
intervenções, melhor o prognóstico. É importante procurar as terapias adequadas
o quanto antes, porque o sistema nervoso poderá responder aos estímulos
rapidamente”, explica o neurologista infantil Antônio Carlos de Faria, do
Hospital Pequeno Príncipe (PR).
É claro que os sinais ficarão mais nítidos após os 3 anos, mas alguns indicativos desde bebê podem servir como alerta, como a criança ficar parada no berço, sem reagir aos estímulos, e evitar o contato visual. Antes do primeiro ano de vida, está sempre irritada – você o amamenta ou conversa com ela, mas continua agitada. Por volta dos 8 meses, o bebê não interage com o meio ambiente: vê um cachorro ou gato na rua e fica indiferente. Sabe aquela brincadeira em que a mãe se esconde e diz “achou!”? O bebê não esboça nenhuma reação. Na hora de brincar é comum que crianças autistas se interessem apenas por uma parte do brinquedo - elas podem ficar girando a roda de um carrinho por um tempo prolongado, em vez de arrastá-lo.
Há casos, ainda, em que há regressão: a criança se desenvolve bem até 1 ano e meio. Depois dessa idade, para de sorrir ou de se comunicar, por exemplo.
Tratamento
Ainda não há um medicamento específico para o autismo. De 0 a 2 anos, a criança deve ser acompanhada por um fonoaudiólogo para que ele ajude-a a desenvolver a linguagem não-verbal. A estimulação pode ser feita com brincadeiras e jogos, contação de histórias e conversa. Conhecer o novo também é importante: o especialista apresenta uma maçã para que ela toque na fruta, conheça sua textura e seu cheiro. Aos poucos, ela pode aprender a entender a expressão facial dos outros. A linguagem verbal (como a fala) virá depois. As terapias ocupacional e comportamental também são relevantes no tratamento, para que o cérebro passe a perceber os estímulos sensoriais. “Esse tipo de intervenção precoce pode evitar o comportamento repetitivo, por exemplo”, afirma o neurologista.
Não há uma regra para todas as crianças. A equipe
multidisciplinar decidirá qual o acompanhamento pedagógico e terapêutico mais
indicado e vai discutir sobre a educação delas, junto com os pais. “Cada caso é
um caso. Em geral, quando se tem a comunicação verbal desenvolvida, ir para a
escola regular é uma ótima opção. Mas, se a pessoa for agressiva e tiver
deficiência intelectual grave, a escola especial pode ser mais indicada”,
afirma o psiquiatra Daniel. Portanto, é essencial respeitar a individualidade
delas. Mas é importante saber: nenhuma instituição de ensino, pública ou
privada, pode recusar a matrícula.
E não são só os meninos e meninas que devem ser
acompanhados por especialistas. Receber o diagnóstico e acompanhar o ritmo do
tratamento pode ser desgastante para a família. Por isso, os pais podem ser
tratados e orientados por um psicólogo, que tentará diminuir a ansiedade e o
estresse. Como costumam se dedicar ao extremo ao filho com autismo, o irmão
pode se sentir preterido. Não se culpe, caso isso ocorra. O terapeuta
conseguirá sugerir uma solução para que todos se sintam amados – como realmente
são!
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2014/04/o-que-e-autismo.html
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