Os pais de pessoas que gaguejam são alvo de diversos estereótipos sociais. Seriam pais dominadores, superprotetores, com altas expectativas, perfeccionistas, com sentimentos de rejeição e avaliações indesejáveis sobre a personalidade do filho que gagueja. Este estereótipo provém da teoria diagnosogênica da gagueira proposta inicialmente por Wendell Johnson.
A teoria diagnosogênica teve início na década de 1940 e tinha como hipótese a existência de um ambiente familiar pressionador, onde os pais estariam altamente sensibilizados em relação à fala dos filhos. Isto devido à história familial para gagueira ou por serem pais guiados por atitudes perfeccionistas e por altos padrões de exigência para si próprios e para seus filhos. Com esta atmosfera familiar como pano de fundo, Johnson acreditava que chamar a atenção da criança para sua fala seria a causa imediata da gagueira, fazendo com que hesitações comuns se transformassem em gagueira.
Uma vez que era atribuída aos pais grande parte da responsabilidade pela gagueira, eles eram o alvo principal da terapia de aconselhamento, a qual tinha o objetivo de evitar que a criança se tornasse consciente das hesitações e de modificar a atitudes pressionadoras dos pais.
Felizmente os avanços científicas já mostraram que os pais não são os responsáveis pela gagueira do filho. Entretanto, determinadas atitudes familiares podem piorar a gagueira. Por isso, é extremamente importante que os pais adotem atitudes que promovam a fluência.
Em que tipo de família cresce uma pessoa que gagueja?
O dado mais sólido em relação às diferenças entre famílias com e sem pessoas que gaguejam está na história familial para gagueira: metade das pessoas que gaguejam têm pais, irmãos, filhos, tios, primos, avós e/ou netos com gagueira.
Crianças que gaguejam têm maior probabilidade de crescerem em:
- Famílias menos harmoniosas, isto é, pais de crianças que gaguejam costumam estar menos satisfeitos com os comportamentos do cônjuge, relatando maior probabilidade de haver um ambiente familiar tenso e desfavorável.
- Famílias menos sociáveis.
- Famílias menos íntimas, isto é, os familiares passam pouco tempo em atividades conjuntas (como brincadeiras e passeios) e possuem pouco tempo para desfrutar da companhia dos outros membros da família.
- Famílias com pais de menor escolaridade.
Essas características não seriam causadoras da gagueira: seriam fatores complicadores, que aumentariam as condições que levam às dificuldades de fluência, ao pior desempenho escolar e às tendências ao retraimento.
O que os pais acham de seu filho que gagueja?
Pesquisas indicam que os pais apresentam fortes tendências a adotar opiniões menos favoráveis em relação ao filho que gagueja. De forma geral, os pais veem seu filho que gagueja como nervoso, irritado, teimoso, imaturo, com complexo de inferioridade e pouco sociável. Além disso, os pais acreditam que a gagueira ocorre devido a esses traços de personalidade. É importante deixar claro que essas opiniões não causam a gagueira do filho, mas contribuem para piorar a gagueira e as consequências emocionais que advêm dela.
O que o filho que gagueja acha de seus pais?
Pesquisas indicam que as pessoas que gaguejam sentem-se distantes dos pais, acham que recebem pouco afeto, que desapontam seus pais, que têm pais muito punitivos, não se sentem realmente aceitas e se sentem subestimadas em relação à maturidade.
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