Frequentemente
eu vejo relatos de mães de crianças com autismo que
enfrentam verdadeiras batalhas para poder sair em público com seus
filhos. Quando digo sair em público, não me refiro a passeios esporádicos em
parques de diversões ou algo grandioso, e sim simples idas cotidianas ao
supermercado e à casa de familiares. Eu entendo cada uma dessas mães.
Todas
as mães precisam fazer compras, levar seus filhos às terapias, à escola, e
tantos outros lugares. E cada saída pode ser um sufoco, uma luta, um grande estresse.
O comportamento das crianças será sempre uma surpresa, para o bem ou para o
mal.
É
preciso saber se o lugar que estamos indo estará muito movimentado, se terá som
alto, o quanto irá demorar, se poderá acontecer algum imprevisto (e preparar-se
para ele), se terá alguma outra criança chorando… E então compreendo quando
algumas mães dizem que só saem de casa se for absolutamente necessário. Mas
ficar trancado em casa não é uma opção no mundo real.
Quando
desejamos que nossos filhos aprendam a conviver e conquistar sua autonomia,
precisamos dar a eles a oportunidade de praticar. Não dá para evitar sempre os
lugares barulhentos, se desejamos que algum dia nossos filhos façam compras
sozinhos. Nem evitar sair de ônibus, se queremos que conquistem sua
independência. Temos que oferecer experiências, sem dar importância ao
julgamento das outras pessoas. Mesmo em um passeio que pareça ter sido um
desastre, precisamos treinar o nosso olhar positivo, enxergando os aprendizados
ou o progresso que se teve em relação aos anteriores, por exemplo.
As
crianças, sejam elas com autismo ou não, merecem se divertir e aprender a
partir de suas vivências. Podemos oferecer previsibilidade, preparar nossos
filhos para os passeios. Mesmo que imprevistos sempre aconteçam, vale a
pena vê-los aprendendo com suas novas experiências. Temos essa opção: viver com
medo de uma próxima crise ou deixar que os filhos experimentem o mundo. Além
disso, como podemos exigir que as outras pessoas aceitem as diferenças se não
permitirmos que convivam com elas?
Por
Amanda Puly
Fonte: http://clubematerno.net/2016/09/15/ter-autismo-e-conviver-socialmente/
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